Porto Alegre, 2 de maio de 2025 – Abril foi um mês de compasso lento para o mercado de feijão carioca. A combinação de uma demanda pouco ativa com a entrada progressiva da colheita da segunda safra – especialmente no Paraná – culminou em um mercado morno e de baixa liquidez.
Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, ainda que tenha havido um breve suspiro de alívio na segunda semana, com leve valorização dos preços, essa melhora mostrou-se passageira. A redução na oferta em regiões como Minas Gerais e Goiás, aliada à preferência da indústria por grãos de melhor padrão, sustentou temporariamente os preços.
“A baixa disponibilidade e o comportamento estratégico dos produtores em reter os volumes ajudaram a evitar um colapso ainda maior nas cotações”, apontou.
No entanto, a partir da terceira semana, o avanço da colheita no Paraná trouxe novo fôlego à pressão vendedora, especialmente com o crescimento na oferta de grãos de padrão intermediário. O mercado, mais uma vez, se viu sem tração, e os produtores voltaram a segurar os lotes de maior qualidade na esperança de um cenário mais favorável em maio.
Conforme Oliveira, com a chegada do feriado do Dia do Trabalho, a última semana de abril praticamente selou o tom do mês: paralisação total nas negociações. A demanda já retraída evaporou quase que por completo, e a indústria adotou uma postura ainda mais conservadora.
“O mês encerrou com um ambiente de pura apatia comercial”, destacou o especialista. Os preços fecharam o mês em R\$ 275 a R\$ 277/sc FOB em São Paulo (nota 9), R\$ 265 a R\$ 268/sc em Santa Catarina (nota 9 extra) e R\$ 195 a R\$ 200/sc no Paraná (nota 8).
Feijão preto
Já o mercado de feijão preto em abril foi marcado por forte pressão de baixa nos preços, liquidez reduzida e excesso de oferta, especialmente de grãos de qualidade inferior vindos da colheita da segunda safra no Sul do país. No Paraná e no Rio Grande do Sul, esse cenário empurrou os preços para patamares abaixo do custo de produção.
Na primeira semana do mês, os preços CIF SP variavam entre R$ 160 e R$ 190/sc, enquanto no mercado FOB, o feijão de menor padrão no Paraná era negociado entre R$ 110 e R$ 130/sc. No Rio Grande do Sul, o tipo 1 oscilava entre R$ 145 e R$ 150/sc. Diante disso, muitos produtores adiaram as vendas e focaram nos trabalhos de campo, aguardando uma possível recuperação do mercado.
Essa reação, no entanto, não ocorreu. A baixa qualidade do produto, somada à demanda interna fraca e à ausência de exportações relevantes, travou os negócios. O feriado no fim do mês acentuou a paralisia do mercado. “A estagnação foi quase total. Preços baixos e liquidez mínima criaram um cenário de risco para o produtor”, afirmou Oliveira. Para ele, o consumo segue como fator decisivo: sem melhora na demanda, qualquer recuperação será pontual e limitada.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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