Porto Alegre, 9 de maio de 2025 – O mercado de feijão encerrou a semana sem reação, com negociações praticamente paralisadas e preços mantidos apenas de forma nominal. Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, no caso do feijão carioca, a sexta-feira foi marcada por baixa liquidez e volume residual limitado no atacado paulista, estimado em cerca de 90 toneladas, em sua maioria de qualidade inferior.
“Esse cenário impediu novos negócios e manteve o setor em compasso de espera”, apontou.
Conforme o analista, um dos principais entraves continua sendo o desalinhamento entre os preços de origem e destino. Regiões produtoras apresentam cotações mais firmes que as observadas no mercado paulista, o que desestimula o envio de cargas. Negócios pontuais no Noroeste do Paraná giraram entre R$ 193 e R$ 195 por saca para produtos com nota entre 8 e 8,5. Já no interior de São Paulo, lotes semelhantes foram negociados entre R$ 225 e R$ 227 por saca, reforçando a firmeza na origem.
“Apesar da entrada de novas cargas ao longo da semana, não houve tração suficiente para sustentar altas nos preços. O produto de melhor qualidade — com nota acima de 8 — segue com maior interesse nas regiões produtoras, enquanto o feijão extra (nota 9) permanece escasso e valorizado”, analisou. Ele também indicou que as referências nominais variam entre R$ 276 e R$ 278/sc em Itapeva (SP), R$ 258 a R$ 260/sc no Leste Goiano e até R$ 265/sc no Noroeste Mineiro para lotes refrigerados.
Feijão preto
Já o mercado de feijão preto segue praticamente travado. De acordo com Oliveira, a liquidez permanece comprometida e os preços continuam sob pressão.
Em Curitiba (PR), o feijão intermediário é indicado entre R$ 135 e R$ 140/sc FOB. No interior de São Paulo, o feijão extra Tipo 1 aparece entre R$ 155 e R$ 158/sc. Com o custo de produção estimado próximo de R$ 200/sc, os valores praticados estão muito abaixo do mínimo oficial, ampliando a crise no setor.
“Mesmo diante da pressão sobre os produtores, ainda não há sinalizações concretas de suporte institucional. A esperança do setor está na possibilidade de retomada das exportações, que historicamente ganham força no fim do primeiro semestre. No entanto, o dólar abaixo de R$ 5,70 tem dificultado a assinatura de novos contratos, limitando essa alternativa”, afirmou.
Por fim, o especialista destacou que nas lavouras, o cenário também é difícil. No Rio Grande do Sul, a colheita atinge 42% da área, segundo a Emater/RS, com produtividade média de 1.300 kg/ha, afetada pela seca. No Paraná, o Deral aponta colheita de 22% da segunda safra, com queda de mais de 20% na área plantada em relação ao ano anterior.
Embora as condições das lavouras tenham apresentado leve melhora, as preocupações fitossanitárias persistem. A produção total do estado deve encolher mais de 10%, com recuo superior a 15% no feijão preto. O mercado, por ora, permanece sem vetores de recuperação no curto prazo.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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