Vendas de café andam melhor e atingem 29% do potencial da safra 2022

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     Porto Alegre, 17 de dezembro de 2021 – Com recentes altas nos preços internacionais do café, as vendas no Brasil ganharam melhor ritmo entre novembro e dezembro tanto para a safra deste ano (2021/22) quanto para a safra futura de 2022/23, que será colhida em 2022. Enquanto a comercialização da safra deste ano está em 78% do total, as vendas da safra 2022/23 alcança 29% do potencial produtivo, segundo levantamento de SAFRAS & Mercado.

     O mercado voltou a andar, ainda que timidamente, nas posições com safras futuras no Brasil, como destaca o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach. “A escalada no preço retomou o interesse por essas posições. No lado da venda, as dúvidas produtivas e elevado percentual já comprometido, especialmente da safra brasileira 2022, servem como limitante para novos negócios”, indica o consultor.

     Já as tradings estão mais cautelosas por posições futuras, observa Barabach. “Questões de fluxo de caixa, por conta do ‘margeamento’ em bolsa, têm tornado os exportadores mais seletivos, especialmente para as posições mais longas”, comenta. As linhas de crédito estão estranguladas e novas linhas estão mais difíceis. Assim, aponta o consultor, os exportadores têm dado preferência aos produtores com relacionamento mais longo e de maior confiança.

     Apesar dessas ressalvas, Barabach afirma que houve uma retomada dos negócios, embora que bastante compassado e envolvendo lotes menores. O levantamento de SAFRAS indica que até o último dia 10 de dezembro as vendas da safra 2022/23 alcançavam 29% do potencial produtivo brasileiro para 2022, o que corresponde a um avanço de 3 pontos percentuais na comparação com o mês anterior. No caso do arábica, o comprometimento do produtor brasileiro alcança 33%, enquanto para o conilon chega a 19% do potencial da safra.

CONAB

     A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta quinta-feira, 16, o 4o e último levantamento da safra brasileira de café 2021. Segundo a Conab, os produtores de café conilon colheram a maior safra da série histórica neste ano, com uma produção próxima a 16,29 milhões de sacas de 60 quilos. O resultado representa um incremento de 13,8% em relação ao obtido em 2020, e supera em 1,14 milhão de sacas a produção registrada na safra de 2019 – o melhor desempenho até então registrado, apontou a Conab.

     Já safra de arábica ficou em 31,42 milhões de sacas, redução de 35,5% na comparação com o ano passado.

     Com isso, a Conab indica que o volume total de café produzido no país está estimado em 47,72 milhões de sacas, uma diminuição de 24,4% em comparação ao resultado apresentado na safra anterior.

     Segundo a Conab, a menor colheita já era esperada, devido aos efeitos fisiológicos da bienalidade negativa, observados em diversas regiões produtoras neste ciclo. Além disso, as condições climáticas adversas de seca em muitas localidades, influenciaram diretamente nas lavouras, tanto para a redução do rendimento médio como para a diminuição da área em produção. As geadas registradas nos meses de junho e julho, embora com pouca interferência nesta safra, também impactaram as lavouras em produção e em formação.

     “Apesar da queda registrada, esta é uma boa safra sendo o terceiro maior volume produzido para um período de bienalidade negativa – ficando atrás apenas das colheitas registradas em 2013 e 2019. Ainda assim, a menor produção no país reflete no cenário internacional e corresponde ao principal motivo da diminuição da produção global no ciclo 2021/22 uma vez que o Brasil segue como o maior produtor mundial do grão”, destaca o presidente da Companhia, Guilherme Ribeiro.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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