O mercado do feijão carioca teve comportamento misto ao longo da semana, iniciando com forte valorização nos lotes de maior qualidade, especialmente em São Paulo, onde rumores indicaram negócios de até R$ 320/sc para nota 9,5 e R$ 310/sc para nota 9, refletindo descompasso entre oferta e demanda.
Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira,a persistente escassez de feijão extra sustentou a firmeza dos vendedores, que demonstraram resistência a conceder descontos nos primeiros dias, apoiados por uma recuperação pontual da liquidez em meio a ofertas restritas de grãos com boa coloração e poucos defeitos.
No entanto, a partir de quarta-feira, o mercado esfriou. Compradores adotaram postura mais cautelosa, priorizando a coleta de amostras e avaliação de qualidade, evitando fechamentos imediatos. “Essa mudança reduziu o ritmo dos negócios e promoveu um ambiente de baixa liquidez, mesmo com o retorno pontual de feijões nota 9 com escurecimento lento, que ainda alcançaram patamares elevados, como R$ 315/sc em negócio isolado”, relatou o analista.
Ao longo da semana, predominou a oferta de feijões de notas inferiores (8 e 8,5), o que, aliado à demanda abaixo do esperado, resultou em pressão vendedora mais forte no final do período. Vendedores passaram a rever pedidas iniciais para estimular o escoamento, sobretudo nos lotes com mais defeitos. No Paraná, tipo 8 foi negociado a R$ 210/sc (queda em relação à pedida de R$ 230) e tipo 7,5 caiu de R$ 190 para R$ 175/sc.
Feijão preto
O feijão preto, por sua vez, oscilou entre tentativas de valorização no início da semana e forte pressão baixista ao longo dos dias seguintes, refletindo a influência crescente da colheita da segunda safra e a fragilidade da demanda interna.
“O período começou com bom volume de ofertas para embarque e liquidez positiva, com aproximadamente 60% das ofertas comercializadas, impulsionadas por uma busca por qualidade superior. Em São Paulo, pedidas para lotes de melhor padrão alcançaram R$ 190/sc, refletindo um momento de tentativa de recuperação de preços”, explicou Oliveira.
Contudo, conforme o especialista, a dinâmica comercial concentrou-se em negociações diretas entre grandes players fora da bolsa, com baixa participação de comerciantes locais e formação de preços pouco transparente.
“Apesar dos estoques elevados, o mercado apresentou movimentações oportunistas, com compradores voltando ao mercado por atração de preços em patamares considerados vantajosos, mesmo em meio à pressão exercida pela oferta crescente da safra”, apontou.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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