Mercado deixou de se preocupar com bancos e voltou a pensar na alta inflação – Ata BCE

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Porto Alegre, 1 de junho de 2023 – Na ata do Banco Central Europeu (BCE), divulgada hoje (1), o banco afirma que a preocupação dos investidores hoje é mais com a alta da inflação, e deixou a crise do setor bancário em segundo plano. “A narrativa do mercado mudou de preocupações com a estabilidade financeira para preocupações com a inflação e para os possíveis efeitos da turbulência no setor bancário sobre a economia”, diz o documento.

O mercado acredita que o BCE deverá reduzir o ritmo de aperto monetário daqui para a frente. “Os investidores reduziram significativamente as expectativas de aperto da política monetária do BCE. Três fatores potenciais poderiam explicar essa reavaliação: redução dos riscos de inflação, maiores temores de recessão diante de condições financeiras mais rígidas ou preocupações com a estabilidade financeira”.

O crescimento do PIB da zona do euro ficou em 0,1% no primeiro trimestre de 2023, e a expectativa é de alta nos trimestres seguintes. “Os preços mais baixos da energia, a diminuição dos estrangulamentos da oferta e o apoio da política fiscal a empresas e famílias continuaram a fortalecer a economia”.

O mercado de trabalho permaneceu forte nos primeiros meses de 2023. “A taxa de desemprego permaneceu relativamente estável desde abril do ano anterior e caiu para uma nova mínima histórica de 6,5% em março de 2023. O emprego cresceu de forma constante por meio de maior participação na força de trabalho e maior imigração, com trabalhadores mais velhos e altamente qualificados por trás da expansão.

Segundo o banco europeu, as medidas do núcleo de inflação que ainda incluíam choques energéticos passados e as pressões salariais permaneceram elevadas. “Essas medidas não eram um bom indicador de onde a inflação estaria daqui a um ou dois anos, no entanto, dada a reversão do choque de energia, a diminuição dos gargalos e a expectativa de que a recuperação do baixo crescimento dos salários reais diminuiria com o tempo”.

Foi anunciado, em reuniões anteriores, que a carteira de APP (programa de compra de ativos) diminuiria 15 bilhões de euros por mês até o final de junho de 2023. “A normalização do balanço realizada e esperada até agora complementou o aperto das taxas de juros de política de maneira suave”.

O documento aponta um dado sobre a atividade econômica na zona do euro. “Os preços mais baixos da energia, a diminuição dos gargalos de oferta e o apoio da política fiscal para empresas e famílias contribuíram para a resiliência da economia”.

O mercado de trabalho forte contribui também para a alta da inflação. “Embora a resiliência da atividade econômica tenha sido vista como uma boa notícia, argumentou-se, no entanto, que o fortalecimento da atividade contribuiria para pressões inflacionárias mais persistentes, tornando

mais difícil um retorno oportuno da inflação à meta”.

Na reunião, os membros concordaram que não se deve prestar atenção a aumentos ou quedas sutis nos dados da inflação, mas sim analisar a tendência. “O Conselho do BCE não deveria centrar-se demasiado em dados mensais de inflação que sejam 0,1 pontos percentuais superiores ou

inferiores. O que importava era se era possível esperar uma tendência de queda da inflação no médio prazo, em linha com as projeções”.

Como a inflação acumulada entre 2021 e 2024 poderá ficar em torno de 20%, há a pressão por um aumento de salários que seja condizente com esse índice. “Isso significa que os aumentos salariais nominais observados no ano passado precisariam ser colocados no contexto de um processo de ‘recuperação’, pelo qual os empregados tentavam compensar os salários reais mais baixos recebidos durante grande parte do período”.

Mesmo com o ambiente de inflação em tendência de queda e redução do ritmo de empréstimos, há um caminho a ser percorrido. “Não estavam reunidas as condições para ‘declarar vitória’ ou para ser complacente com as perspectivas de inflação. Em vez disso, os membros concordaram que mais aperto era necessário para trazer a inflação de volta à meta no médio prazo”.

Por fim, os membros chegaram a cogitar um aumento de 50 pp na taxa de juros, mas decidiram, por fim, subir em 25 pp, para que a alta dos juros seja mais constante e em um tempo maior. “Essa magnitude foi vista como prudente, com os possíveis custos de aumentos maiores superando os benefícios, dada a incerteza ainda elevada e a percepção de que a transmissão de grande parte do impacto de aumentos tarifários anteriores ainda estava pendente”. Com informações da Agência CMA.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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