No primeiro trimestre de 2025 (1T25), a Marcopolo (POMO4) apresentou um lucro líquido de R$ 243,1 milhões. Esse resultado representa um recuo de 23,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. A empresa atribuiu esse desempenho às quedas no ebitda e no resultado financeiro.
O resultado financeiro líquido do 1T25 foi positivo em R$ 109,3 milhões, ante um resultado também positivo de R$ 42,2 milhões registrados no 1T24. No trimestre, a Companhia apurou recuperação do impacto negativo da desvalorização do Real frente ao Dólar norte americano sobre a carteira de pedidos em dólares ocorrido no 4T24. A Companhia realiza o hedge do câmbio das exportações no momento da confirmação dos pedidos de venda, assegurando a margem dos negócios. À medida que os produtos são entregues e faturados, a Companhia captura os efeitos da valorização ou desvalorização do Real em suas margens operacionais ou no resultado financeiro, como foi o caso nesse 1T25. No 1T24, o resultado financeiro havia sido beneficiado em R$ 25,2 milhões, em função da controlada argentina Metalsur, que apurou resultado financeiro positivo associado à atualização monetária do balanço por hiperinflação no país.
O ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 262,0 milhões no 1º trimestre de 2025, representando uma baixa de 16,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Segundo a empresa, o ebitda foi afetado negativamente pelo mix de vendas no mercado doméstico associado à sazonalidade e às férias coletivas, bem como pela menor alavancagem operacional. Positivamente, o EBITDA foi afetado pela boa performance das exportações e das operações internacionais da Companhia. No 1T24, o EBITDA havia sido beneficiado em R$ 29,5 milhões por conta do resultado da equivalência patrimonial da coligada argentina Metalpar. Ajustado, o EBITDA teria sido de R$ 285,9 milhões, com margem de 17,0% naquele trimestre.
A receita operacional líquida no trimestre foi de R$ 1,7 bilhão, registrando um crescimento de 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Do total, R$ 932,5 milhões foram provenientes do mercado interno (55,6% do total), R$ 175,1 milhões advindos das exportações a partir do Brasil (10,4% do total) e R$ 569,8 milhões originadas pelas operações internacionais da Companhia (34,0% do total). “No 1T25, a manutenção da receita líquida, mesmo com crescimento de unidades entregues, reflete a sazonalidade natural da Companhia, com um mix de vendas mais concentrado em produtos de menor valor agregado, especialmente no mercado brasileiro. No 1T25, as entregas no Brasil se concentraram em ônibus mais leves, como modelos de rodoviários dedicados ao fretamento, urbanos leves, micros e Volares. O crescimento de receita nos mercados externos foi suficiente para equilibrar a receita líquida consolidada na comparação com o 1T24”, explicou a empresa.
A margem líquida foi de 14,5%, enquanto a margem ebitda foi de 15,6%, quedas de 4,6 pp e 3,4 pp, na comparação anual.
O endividamento financeiro líquido totalizava R$ 1,3 bilhão em 31 de março de 2025, ante R$ 1,2 bilhão em 31 de dezembro de 2024). Desse total, R$ 1,082 bilhão eram provenientes do segmento financeiro (Banco Moneo) e R$ 261,3 milhões do segmento industrial. A empresa ressalta que “o endividamento do segmento financeiro provém da consolidação das atividades do Banco Moneo e deve ser analisado separadamente, uma vez que possui características distintas daquele proveniente das atividades industriais da Companhia. O passivo financeiro do Banco Moneo tem como contrapartida a conta de “Clientes” no Ativo do Banco. O risco de crédito está devidamente provisionado. Por se tratar de repasses do Finame, cada desembolso oriundo do BNDES tem exata contrapartida na conta de recebíveis de clientes do Banco Moneo, tanto em prazo como em taxa.”
Em 31 de março, o endividamento financeiro líquido do segmento industrial representava 0,2 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses.
Os investimentos totalizaram R$ 67,5 milhões no 1º trimestre de 2025, representando uma redução de 5,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
A produção consolidada da Marcopolo foi de 3.294 unidades no 1T25, com crescimento de 1,0%. No Brasil, a produção atingiu 2.748 unidades, 3,4% inferior à do 1T24, enquanto no exterior a produção foi de 546 unidades, 31,6% superior às unidades produzidas no mesmo período do ano anterior. A produção do 1T25 foi afetada pela realização de férias coletivas no Brasil entre os dias 24 de dezembro de 2024 e 12 de janeiro de 2025, com consequente redução dos dias trabalhados. A realização de férias coletivas responde à sazonalidade do período em que coincidem a reduzida disponibilidade de chassis relacionada às férias coletivas de montadoras, menor demanda por ônibus de maior valor agregado (que consomem um maior número de horas produtivas e demandam maior disponibilidade de mão de obra) e feriados.
A participação de mercado da Marcopolo na produção brasileira de carrocerias foi de 45,5% no 1T25. A menor participação de mercado da Companhia está associada à realização de férias coletivas, com impactos à produção de janeiro, conforme acima mencionado. Um ritmo mais intenso de entregas de micros ao programa federal Caminho da Escola na comparação anual, ajudou a compensar parcialmente o impacto das férias coletivas no market share.
