O Banco do Brasil registrou um lucro líquido ajustado de R$ 7,4 bilhões no primeiro trimestre de 2025 (1T25), queda de 23% na comparação com igual período do ano anterior. O lucro líquido, por sua vez, somou R$ 6,7 bilhões, 22,8% inferior na mesma base de comparação. O retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) foi de 16,7%.
Os principais componentes do resultado, segundo a instituição, foram: “margem financeira bruta que totalizou R$ 23,9 bilhões, influenciada tanto pela elevação da Selic quanto pelo aumento de volumes dos ativos e passivos; custo de crédito que totalizou R$ 10,2 bilhões, influenciado, principalmente, pela continuidade da dinâmica agravada da carteira de agronegócios cuja inadimplência alcançou 3,04%; receita de prestação de serviços finalizaram o trimestre em R$ 8,4 bilhões, com destaque para o crescimento nas linhas de administração de fundos e administração de consórcios; despesas administrativas somaram R$ 9,5 bilhões, refletindo o compromisso do Banco do Brasil com o controle das despesas e a agenda de investimentos em tecnologia e inovação”.
A carteira de crédito expandida totalizou R$ 1,3 trilhões, crescimento de 14,4% em um ano e 1,1% no trimestre, com os seguintes destaques:
Pessoa Física: alcançou R$ 335,8 bilhões, crescimento de 6,6% em um ano e 1,2% no trimestre. Ressalta-se o crescimento nas linhas de crédito consignado e não consignado, fruto do amplo relacionamento com os clientes e de desembolso tanto com servidores públicos, como pensionistas e aposentados, e no final de março/25, com profissionais da iniciativa privada no novo produto de Crédito ao Trabalhador.
Pessoa Jurídica: atingiu R$ 459,9 bilhões, crescimento de 22,4% em um ano e 1,6% no trimestre, sendo R$141,3 bilhões para Grandes Empresas, R$ 123,8 bilhões para clientes do segmento MPME e R$ 74,6 bilhões para clientes Governo.
Agronegócios: alcançou R$ 406,2 bilhões, crescimento de 9,0% em um ano, com destaque para as linhas de custeio e investimento. Nos noves meses do plano da safra 24/25 (julho/24 a março/25), o Banco do Brasil desembolsou R$ 152,5 bilhões em crédito ao agronegócio. Ainda, há outros R$ 22,0 bilhões desembolsados na cadeia de valor do agro. Dessa maneira, em uma visão global, entre crédito e cadeia de valor, o BB desembolsou R$ 174,5 bilhões nos noves meses da safra 2024/2025 ante R$ 179,4 bilhões no mesmo período da safra anterior.
O Capital Principal encerrou março/25 em 10,97%, corroborando a solidez do balanço do Banco do Brasil.
A Margem com Clientes totalizou R$ 20,3 bilhões no 1T25, principalmente, pelo descasamento entre a ponta ativa pré-fixada e a ponta passiva pós-fixada. A Margem com Mercado registrou R$ 3,6 bilhões no 1T25, influenciada por maiores receitas de derivativos no 4T24.
O índice de inadimplência de mais 90 dias, relação entre as operações vencidas há mais de 90 dias e o saldo da carteira de crédito classificada, alcançou 3,9% ao fim do trimestre, um avanço de 96 bps na base anual.
No trimestre, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) fechou em 16,7%, uma queda de 498 bps na comparação anual
Crédito do Trabalhador
“O Banco do Brasil reforça seu compromisso com os trabalhadores ao atingir mais de R$ 3,0 bilhões em desembolsos no Programa Crédito do Trabalhador, desde o seu lançamento, em 21 de março de 2025. Esse marco consolida a atuação do BB na concessão de crédito consignado, proporcionando condições diferenciadas, conveniência e segurança para milhares de brasileiros. Já foram contratadas operações em mais de 4,7 mil municípios de todas as regiões do país, reforçando o compromisso do Banco do Brasil na orientação e assessoria financeira aos trabalhadores, com uma atuação abrangente, inclusiva e diversa. O Banco do Brasil reafirma sua posição como referência no crédito consignado, apoiando a jornada financeira dos trabalhadores e ampliando as oportunidades de acesso ao crédito responsável e sustentável.”
Projeções
O Banco do Brasil decidiu pela suspensão das projeções corporativas para as linhas de Custo do Crédito, Margem Financeira Bruta e Lucro Líquido Ajustado para o exercício de 2025. Segundo o banco, “o agravamento da inadimplência de parte da carteira de Agronegócios acima do esperado ao longo de 2025 e sua característica de amortizações concentrada no fim da safra, combinado com a vigência das novas regras estabelecidas pela Resolução 4.966/21, notadamente na contabilização de ativos financeiros, dinâmica de reconhecimento de receitas e constituição de provisão sobre os ativos com aumento significativo de risco, implicou em um cenário de maior incerteza sobre as projeções de Margem Financeira Bruta e o Custo do Crédito, que, por sua vez, afetam diretamente o Lucro Líquido Ajustado. Diante disso, o Banco do Brasil decidiu adotar o status “em revisão” para as linhas mencionadas até que o cenário permita uma avaliação mais consistente da magnitude dos impactos a serem incorporados nas projeções.
As Projeções Corporativas para os indicadores de desempenho de Crédito (Carteira de Crédito, Pessoa Física, Empresas, Agronegócios e Sustentável) e para os demais itens de natureza comercial e operacional (Receitas de Prestação de Serviços e Despesas Administrativas) permaneceram inalteradas.
Resolução 4.966/21
O BB destacou no relatório que a Resolução CMN 4.966/2021, em vigor desde janeiro, introduziu mudanças estruturais na contabilização de ativos financeiros e na constituição de provisão para perdas esperadas associadas ao risco de crédito. A adoção da norma se deu de maneira prospectiva, ou seja, seus efeitos não foram retroagidos a períodos anteriores. “A Resolução gera mudanças principalmente na forma dos cálculos de perda esperada, no reconhecimento de juros das operações de crédito, seja pelo aumento do prazo de accrual das operações inadimplidas de 60 para 90 dias, seja pelo reconhecimento pelo regime de caixa das operações no estágio 3, e o diferimento de receitas e custos atrelados a uma operação de crédito a partir da taxa efetiva de juros. Dessa forma, a comparação com os períodos anteriores não é linear, em especial na margem financeira bruta, nas receitas de prestação de serviços e nas despesas com perdas esperadas”, explicou.
BB aprova distribuição de R$ 1,9 bi em JCP aos acionistas em 12 de junho
O Banco do Brasil aprovou ontem (14) a distribuição de R$ 1,9 bilhão, ou R$ 0,334 por ação a título de remuneração aos acionistas sob a forma de juros sobre capital próprio (JCP), relativo ao primeiro trimestre de 2025. Os valores serão pagos em 12 de junho, tendo como base a posição acionária de 2 de junho.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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