Porto Alegre, 11 de abril de 2025 – A segunda semana de abril foi marcada por baixa liquidez e negociações travadas no mercado de feijão carioca. De acordo com o analista e consultor de Safras & Mercado, mesmo com boa oferta – em grande parte composta por sobras da semana anterior -, os compradores seguiram cautelosos, enquanto os vendedores mantiveram firme resistência a reduzir os preços.
“As tentativas de pressão por parte da ponta compradora esbarraram na postura dos produtores, limitando os negócios. Foram registradas vendas pontuais de feijão nota 9 de escurecimento lento a R$ 305 por saca CIF São Paulo e de grãos nota 9,5 a R$ 320 por saca, mas sem grande volume”, relatou.
Segundo Oliveira, a seletividade da demanda permaneceu evidente, com preferência por grãos padrão 8 a 8,5, negociados entre R$ 260 e R$ 280 por saca. Já os lotes de qualidade inferior sofreram descontos de R$ 5 a R$ 10 por saca, na tentativa de destravar algumas vendas.
No encerramento da semana, o mercado seguiu estável, com poucos negócios e vendedores resistentes a aceitar ofertas mais baixas. Alguns lotes destinados à exportação foram reportados entre R$ 300 e R$ 315 por saca CIF São Paulo.
“A expectativa é de que a intensificação da colheita da segunda safra 2024/25 aumente a pressão sobre os preços nas próximas semanas. Corretores já avaliam a necessidade de ajustes para estimular a demanda, enquanto o clima adverso e relatos de pragas seguem no radar dos agentes”, analisou.
Feijão preto
Já o mercado de feijão preto, conforme o analista, seguiu lento e pressionado na segunda semana de abril. A maior oferta com o avanço da colheita da segunda safra, somada à demanda fraca, resultou em queda dos preços.
Negócios pontuais ocorreram na Zona Cerealista de São Paulo, com produto extra ofertado a R$ 225/sc, mas sem firmeza nas cotações. No Paraná, o feijão de melhor qualidade recuou de R$ 210/sc para até R$ 190/sc FOB. Para os grãos intermediários, os preços caíram abaixo de R$ 170/sc, pressionando produtores.
“No campo, a colheita da primeira safra no Rio Grande do Sul está quase concluída, enquanto a segunda safra avança lentamente. O clima frio e os relatos de pragas seguem preocupando. A expectativa é de que a pressão de baixa continue nas próximas semanas, com os preços dependendo do ritmo das exportações e da absorção da nova safra pelo mercado interno”, disse o também consultor de Safras & Mercado.
Exportações
As exportações brasileiras de feijão no primeiro trimestre da temporada 2025/26 cresceram de forma expressiva, totalizando 71,7 mil toneladas — mais de cinco vezes o volume embarcado no mesmo período da safra anterior. A receita também disparou, passando de US$ 11,7 milhões para US$ 63,5 milhões, impulsionada pelo aumento da oferta da primeira safra, preços competitivos e dólar em torno de R$ 6,00.
O feijão comum liderou os embarques, com 36,4 mil toneladas – oito vezes mais que no ano passado — tendo como principais destinos a África do Sul (8,2 mil t), Índia (6,8 mil t) e Venezuela (5,65 mil t). O feijão caupi também cresceu 179%, alcançando 13,6 mil toneladas, com destaque para Índia, Egito e Nepal. Já o feijão mungo somou 21,3 mil toneladas, liderado pela Índia (15,1 mil t) e Paquistão (5,4 mil t). O feijão adzuki manteve participação discreta, com apenas 0,1 mil tonelada exportada.