O Brasil é o maior produtor e consumidor de Feijão do gênero Phaseoulus do mundo, produzindo e consumindo, todos os anos, em torno de 3 milhões de toneladas.
A cadeia produtiva do feijão-comum está organizada como a maioria das cadeias produtivas do agronegócio. No primeiro elo da cadeia têm-se as:
- instituições de pesquisa
- produção das sementes
- os fornecedores de insumos
- fornecedores de máquinas e equipamentos
- a produção
As instituições de pesquisa buscam o melhoramento da semente concedendo maior qualidade ao grão, melhor desempenho produtivo, resistência a pragas, tolerância a estresses, melhoria da arquitetura da planta, entre outros.
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Assim como as demais cadeias produtivas, seus insumos são sazonalmente ajustados pela cotação do dólar.
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Fatores como a pandemia da Covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia afetaram os preços globais de fertilizantes, resultando em um expressivo aumento nos custos de produção do feijão no Brasil. O custo total da cadeia, que reúne despesas diretas e indiretas, gastos fixos e variáveis, tem variado entre R$ 6.300,00 e R$ 10.130,00 por hectare, dependendo da safra e da região produtora.
As exigências dos consumidores são norteadoras das ações dos elos anteriores. A jusante da produção está a agroindústria, que adquire o produto direto do produtor ou de intermediários fazendo o beneficiamento do grão. Posteriormente, o produto segue para as empresas responsáveis pela distribuição, como o atacado e o varejo, até chegar ao consumidor final.
Como funcionam as safras do feijão
O feijoeiro-comum é considerado uma cultura atípica por se conseguir três safras anuais.
1ª safra ou safra das águas
É plantada nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e, também, nos estados de Tocantins e Rondônia, sendo cultivado entre os meses de agosto a novembro.
2ª safra ou safra seca
Ocorre nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e em único período de plantio no Norte, onde o feijão-comum é consorciado com o milho. Essa safra é realizada entre os meses de dezembro a abril.
3ª safra ou safra de inverno
A acontece com o feijão-comum cultivado entre os meses de abril a julho, no Centro-Sul do Brasil. Os sistemas de cultivo variam de acordo com a região e época.
Destaque para os principais estados produtores do grão:
- Paraná, com produção média de 628,8 mil toneladas;
- Minas Gerais, com produção média de 552,9 mil toneladas;
- Goiás, com produção média de 333,7 mil toneladas;
- Mato Grosso, com produção média de 333,1 mil toneladas.
Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia respondem juntos por cerca de 70% da produção brasileira.
De 1985 até os anos 2000, a soma da primeira e segunda safras representou em média 91% do total da produção. No entanto, a terceira safra vem aumentando a sua participação na produção total.
Na safra de 2001, a produção de inverno representava aproximadamente 14%, sendo que em 2020 esse percentual aumentou para 24% da produção total. A média de participação na produção total da safra de inverno de 2001 a 2020 foi de 18%, demonstrando importante incremento da produção nesse período de cultivo.
No início da série histórica em 1985, a produção da 3ª safra foi de 80,21 mil toneladas. Em 2020 a produção total atingiu 568,39 mil toneladas, um acréscimo de mais de 700%. Isso ocorreu, principalmente, devido ao cultivo intensivo irrigado e tecnificado.
Principais desafios da cadeia produtiva do Feijão
O feijão sempre fez parte da dieta dos brasileiros, no entanto, nos últimos anos observa-se uma redução constante no seu consumo per capita. Enquanto em 1975 o consumo per capita de feijão era de aproximadamente 19 quilos por ano, atualmente gira em torno de 14 quilos.
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Este fato gera preocupações em toda a cadeia produtiva. Diversas razões contribuíram para a redução do consumo per capita de feijão no Brasil, tais como a sua substituição por fontes de proteína de origem animal, o êxodo rural (consumo per capita rural é bem mais elevado que o urbano), a mudança de hábitos alimentares com o advento do ‘fast food’, as fortes flutuações de oferta e preços e a demora para o seu preparo (falta de praticidade).
A cadeia produtiva do feijão está sendo desafiada a encontrar novas oportunidades de colocação do produto.
No mercado interno, esta colocação poderia ser incentivada através de campanhas de conscientização junto aos consumidores para estimular o consumo.
Em um mundo cada vez mais globalizado e conectado, um importante desafio para a cadeia produtiva tem sido mitigar a assimetria de informações, uma falha de mercado muito presente na cultura do feijão, que gera desequilíbrios, custos transacionais elevados e comumente resulta em cancelamento de negócios.
Muitas iniciativas têm sido tomadas nesse sentido, com a criação de sistemas de comercialização, aplicativos, campanhas de incentivo ao consumo, publicações diversas e congressos voltados às discussões acerca da cultura do feijão.
Setor de Feijão deve ter mais atenção ao mercado internacional
Uma alternativa que tem sido adotada pelos agentes para um maior desenvolvimento da cultura é voltar-se para o mercado internacional.
O feijão é um produto com boa demanda externa, o que se revela como uma grande oportunidade para o Brasil. Somente no ano de 2021, o Brasil exportou mais de 200 mil toneladas.
Sendo assim, com o objetivo de impulsionar a exportação brasileira de feijões, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Instituto Brasileiro do Feijão, Pulses e Colheitas Especiais (Ibrafe) assinaram neste ano um convênio para criação e execução do projeto Brazilian Pulses and Special Crops.
Com investimento de R$ 1 milhão, o maior projeto em prol das exportações do setor pretende alcançar o marco de 500 mil toneladas de feijão e gergelim exportados em cinco anos, podendo gerar mais de US$ 600 milhões em receitas.
Tipos de feijão mais comuns no Brasil
Há uma enorme variedade de tipos de feijão ao redor do planeta. De acordo com informações da Food And Agriculture Organization (FAO), atualmente existem mais de 150 espécies de feijoeiros.
Dentre essa imensa variedade de tipos de feijão, o mais popular e campeão em comercialização no Brasil é o carioca, representando cerca de 85% das vendas no país, de acordo com o Instituto Agronômico (IAC).
Entretanto, essa não é a única variação da leguminosa. Acompanhe abaixo alguns dos tipos de feijão mais comuns no Brasil e suas principais características:
Feijão Carioca
O feijão carioca, ou simplesmente carioquinha, é a variedade mais consumida no país e é apenas produzida no Brasil. Seu nome é devido ao desenho de ondas em sua casca, que lembram as ondas do calçadão da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. É rico em fibras, cálcio, ferro e fósforo, em especial, ajudando no controle do peso e na saúde de ossos e dentes. Inibe a diabetes.
Feijão Preto
Como companheiro do arroz, nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e em parte do Paraná, essa variedade é a mais popular para o dia a dia. E é usado nas cozinhas do mundo todo!
É fonte de ferro, fósforo, cálcio, zinco, potássio, manganês e magnésio, entre outros. Ajuda na luta contra a diabetes, a pressão arterial alta e nos cuidados com o coração, mas os benefícios não param aí! Há estudos que indicam o feijão preto para prevenção do câncer, proteção do bebê ainda no útero e até disfunção sexual.
Como principal feijão exportado pelo Brasil, somente entre os meses de janeiro e maio do ano de 2022 o Brasil ultrapassou os 26 milhões de dólares em exportação de feijão-preto.
Feijão Branco
Menos consumido do que os anteriores, o feijão branco possui grãos maiores e é muito utilizado na receita de dobradinha. Diferente da maioria dos vegetais enlatados, que perdem muito de seu valor nutritivo no processo de enlatagem, os feijões-brancos mantêm seu valor nutritivo quando enlatados.
Feijão Vermelho
O feijão vermelho apresenta um tamanho menor, além de casca fina e de fácil consumo. Apesar de menos popular do que os demais, está presente em diversas receitas brasileiras.
Feijão-Caupi
Bem desenvolvido por climas secos e sendo o segundo mais cultivado no Brasil, o feijão-caupi – popularmente conhecido como feijão-de-corda, feijão-fradinho, feijão-macáçar e outros, dependendo da região – é altamente consumido no norte e nordeste do País.
Também sendo uma das variedades exportadas, a Brasil tem se dedicado cada vez mais na produção de feijão-caupi, principalmente para exportação, já que 50% das vendas externas da cultivar é destinada a Índia.