O consumo nacional de energia elétrica foi de 49.190 GWh em março de 2025, aumento de 2,6% comparado a março de 2024, puxado pelas residências. As temperaturas elevadas e o clima seco na região Centro-Sul do país contribuíram para o crescimento no consumo de eletricidade nas residências. Este foi o maior consumo mensal de toda a série histórica desde 2004, de acordo com a Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica, divulgada nesta quarta-feira pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A EPE também destaca que indústria e outros consumos, incluindo o rural, também cresceram, enquanto o comércio permanece estável. O consumo de eletricidade na indústria em março foi o maior do trimestre, mesmo com Carnaval. Extração de minerais metálicos também se destacou. A classe comercial mantém o elevado patamar de consumo, que segue estável também na comparação interanual.
A classe residencial liderou a alta no consumo com taxa interanual de 3,7% em março de 2025, seguida pela indústria (+2,7%) e outros, incluindo o rural. O consumo comercial (+0,1%) permanece estável. O consumo acumulado nos últimos 12 meses foi de 564.490 GWh, alta de 4,2% na comparação com igual período anterior.
O consumo industrial de eletricidade em março foi de 16.700 GWh, o maior valor para o mês de toda a série histórica, desde 2004. Mesmo com o Carnaval ocorrendo este ano em março o consumo teve alta de 2,7% na comparação interanual, e acelera em relação à taxa de fevereiro. Todas as regiões consumiram mais: Norte (+7,4%), Sul (+4,1%), Centro-Oeste (+2,4%), Nordeste (+1,9%) e Sudeste (+1,6%). A alta alcançou 24 dos 37 setores monitorados.
Em março de 2025, o consumo de energia elétrica no setor residencial totalizou 16.195 GWh, o maior volume já registrado para a classe, representando um crescimento de 3,7% em relação a março de 2024. Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelo tempo quente e seco no Centro-Sul do país, caracterizado pela ocorrência de veranico até meados do mês, o que aumentou a utilização de sistemas de refrigeração e climatização. Por outro lado, nas regiões Norte e Nordeste, as temperaturas estiveram mais amenas em comparação a março de 2024, o que contribuiu para a redução do consumo residencial nessas áreas. Adicionalmente, o crescimento de 1,7% no número de consumidores residenciais, a maior posse de eletrodomésticos voltados para a climatização de ambientes e a mudança no padrão de consumo, associada à melhora nas condições de emprego e renda, também contribuíram para a expansão do consumo. Regionalmente, registraram-se aumentos nas regiões Sul (+8,1%), Sudeste (+4,6%) e Centro-Oeste (+3,2%), enquanto as regiões Norte (-2,1%) e Nordeste (-0,2%) apresentaram retrações no consumo residencial. Entre os estados, os maiores aumentos foram observados no Rio de Janeiro (+11,9%), Santa Catarina (+11,5%), Minas Gerais (+9,2%) e Goiás (+7,7%). Em contrapartida, onze estados anotaram queda no consumo, sendo as maiores retrações verificadas no Rio Grande do Norte (-7,7%), Amazonas (-5,9%) e Roraima (-5,4%).
Em março de 2025, a classe comercial manteve elevado patamar de consumo do mês anterior, totalizando 9.147 GWh, o maior valor já registrado para a classe. Na comparação interanual, o consumo da classe também permaneceu estável (+0,1%) em relação ao mesmo mês de 2024. O desempenho positivo dos setores de comércio e serviços contribuiu para a manutenção do elevado patamar de consumo, conforme apontam os dados mais recentes do IBGE. No entanto, as temperaturas mais amenas nas regiões Norte e Nordeste, em contraste com as registradas em março de 2024, exerceram impacto negativo sobre o consumo nessas localidades. Cabe destacar que, no ano passado, a base de comparação era elevada em função dos efeitos do fenômeno El Niño, que provocaram temperaturas significativamente acima da média histórica e sucessivas ondas de calor, resultando em uma forte expansão do consumo.
Quanto ao ambiente de contratação, o mercado livre, com 21.266 GWh, respondeu por 43,2% do consumo nacional de energia elétrica em março de 2025, com crescimentos de 9,9% no consumo e de 58,1% no número de consumidores, na comparação com março de 2024. O Sul foi a região que mais expandiu o consumo (+14,7%), enquanto o Nordeste teve o maior aumento no número de consumidores livres (+77,3%).
Já o mercado regulado das distribuidoras, com 27.924 GWh, que respondeu por 56,8% do consumo nacional, teve queda no consumo de 2,4% e aumento no número de consumidores de 1,3% em março de 2025. No mercado regulado, o Sudeste registrou a menor retração do consumo (-1,8%) entre as regiões, enquanto o Norte teve o maior aumento no número de consumidores cativos (+2,5%).
O movimento de migração de consumidores cativos para o mercado livre permanece intenso após abertura para todos os consumidores do grupo A (alta tensão) em março de 2024, estabelecida na portaria do MME 50/2022. Segundo relatório de migração do ACL da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de março de 2025, houve migração de mais 25 mil consumidores em 2024 e há previsão de quase 16 mil migrarem em 2025.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
Copyright 2025 – Grupo CMA