A semana para o feijão-carioca foi de movimentação lenta e cotações nominais. Apesar de um volume inicial de ofertas razoável, a demanda se manteve fraca e seletiva, resultando em poucas vendas efetivas. Segundo Evandro Oliveira, analista da Safras & Mercado, apesar de um volume inicial de ofertas considerado razoável, a demanda continuou fraca e seletiva.
“A maior parte do volume disponível era composta por sobras acumuladas, o que forçou corretores a aceitarem ajustes nos preços para evitar mais estocagem”, explica.
Os feijões extra (nota 9 e 9,5), que no início da semana ainda tinham pedidas próximas de R$ 305,00/saca (cultivar Dama), viram suas propostas caírem para R$ 260,00/saca, sem fechamento de negócios relevantes. Essa queda nos padrões superiores pressionou também os feijões comerciais (tipos 7,5 e 8) e os intermediários (8,5), que viram suas negociações estagnarem e os preços recuarem, com faixas entre R$ 180,00 e R$ 220,00/saca para os comerciais.
“A escassez de produto premium e a ausência de compradores ativos na bolsa foram constantes, levando as poucas negociações a ocorrerem de forma direta e pontual, fora do ambiente formal”, relata Oliveira.
Nas regiões produtoras, o cenário também é de preços mais contidos. Em Goiás e Minas Gerais, as indicações para grãos de nota 8 e 8,5 variavam, por exemplo, de R$ 176,00 a R$ 180,00/saca FOB em Goiás e de R$ 202,00 a R$ 207,00/saca FOB em Minas Gerais. A chegada de feijão irrigado recém-colhido de Minas Gerais e a perspectiva da terceira safra (com uma produção estimada de feijão cores 4,6% menor, segundo a Conab) são pontos de atenção para o futuro, mas não foram suficientes para reverter a atual inércia do mercado.
“A expectativa é de que o mercado permaneça travado até o final da semana, com as empresas abastecidas postergando decisões de compra”, projeta o analista.
Feijão preto: estabilidade nominal e pressão de grandes compradores
O mercado de feijão-preto também iniciou o mês com ritmo lento e estabilidade nominal nos preços, mas com pouca movimentação real de vendas.
“A comercialização segue fraca, com compradores atuando de forma muito seletiva e em volumes reduzidos”, aponta Oliveira. As cotações se mantiveram consistentes ao longo da semana: produto maquinado (30/60 kg) entre R$ 190,00 e R$ 205,00/saca (negócios pontuais para pequenos comerciantes). Já o feijão-preto a granel variou de R$ 170,00 a R$ 185,00/saca (referência para grandes empresas).
Grandes distribuidoras continuaram pressionando os preços para baixo ao negociar diretamente com os produtores, aproveitando volumes maiores para barganhar.
“Nas regiões produtoras, como o Sul do Paraná, o tipo 1 estava sendo cotado entre R$ 132 e R$ 137/saca no FOB. Já nos Campos de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul, as pedidas superavam R$ 150, embora a falta de apetite do comprador ainda seja uma barreira significativa”, observa.
Apesar de uma oferta relativamente regular, o mercado ainda não dá sinais de retomada da demanda.
“Seguimos com um cenário de cautela generalizada, com o mercado buscando um ponto de equilíbrio entre a oferta existente e o real interesse de compra”, afirma Oliveira.
A principal conclusão para ambas as variedades é que a demanda efetiva está muito baixa, com compradores atuando de forma conservadora e, muitas vezes, aguardando novas quedas de preço.
“Essa postura, somada à oferta, mesmo que controlada ou acumulada, tem gerado um ambiente de paralisia, no qual a fluidez dos negócios está comprometida e as vendas pontuais são a regra, não a exceção”, finaliza o analista.
Luciana Abdur – luciana.abdur@safras.com.br (Safras News)
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