São Paulo -A Bolsa fechou com alta tímida, mas conseguiu se manter no patamar dos 136 mil pontos, após atingir a máxima no interdiário de 137.286,0 pontos, com o apoio do setor bancário sob impacto do resultado do Itaú divulgado na véspera. Os bancos têm ditado o bom humor do mercado.
Além disso, os investidores ficam na expectativa do encontro, no final de semana, entre autoridades da China e Estados Unidos, para discussão de acordos comerciais. Na semana, o Ibovespa acumulou ganhos de 1%.
As maiores altas entre as ações ficaram para Assaí (ON, +3,51%), Porto Seguro( ON, 5,66%), Petrorecôncavo (ON, +5,49%), Lojas Renner (ON, +4,92%) e Itaú (PN, 4,64%), que divulgaram resultados do 1T25 ontem à noite.
O destaque fica para o Itaú que registrou lucro recorrente gerencial de R$ 11,1 bilhões no primeiro trimestre de 2025 (1T25), alta anual de 13,9%. Em termos trimestrais, a alta foi de 2,2%. A margem financeira gerencial somou R$ 30,322 bilhões, de R$ 26,880 bilhões um ano antes e R$ 29,388 bilhões no último trimestre. E o retorno sobre o patrimônio líquido médio anualizado avançou para 22,5%, de 21,9% em igual intervalo de 2024 e 22,1% no quarto trimestre do ano passado. As ações do banco subiram 5,40%.
Na ponta negativa, estão Magazine Luiza (ON, -9,98%), CSN (ON, -9,86%), MRV (ON, -11,21%), CSN Mineração (ON, -4,72%) e Fleury (ON, -5,46%), também são empresas que divulgaram resultados trimestrais na véspera.
As aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) também fecharam com quedas fortes, de 25,21% e 11,88%, respectivamente. O papel da Gol recua após o conselho de administração aprovar proposta a ser submetida a assembleia de acionistas para um aumento de capital de entre R$ 5,34 bilhões e R$19,25 bilhões, uma das maiores operações do tipo já realizadas no país.
O principal índice da B3 subiu 0,20%, aos 136.511,88 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho registrou queda de 0,10%, aos 138.260 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Caio Henrique Soares Rodrigues, sócio da Atika Investimentos, disse que os bancos puxam a bolsa.
“Essa semana, a bolsa está forte essa semana, chegou a bater os 137 mil pts, muito carregada pelo setor bancário- o Itaú veio com bom lucro. Além disso, o mercado está precificando o fim de aumento na da taxa de juros por isso aconteceu o rali. O que está descolando desse otimismo é a Gol, com queda das ações, por evento interno de aumento de capital, o que dilui o acionista. Nas commodities temos visto uma rotação. Os fundos institucionais que estavam mais alocados em commodities, estão migrando para o setor doméstico com expectativa de fim de juros futuros. Existe uma diminuição da tensão com a China. Esse dinheiro novo que está entrando no Brasil tem vindo muito forte do ciclo econômico global com mudança na taxa de juros. Muitos emergentes passaram a ser a bola da vez, e o Brasil tem recebido um pouco desse capital”.
Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos, disse que após a bolsa ter atingido ontem a pontuação inédita de 137.634 pontos dentro do pico diário, “hoje o mercado opera em leve alta, abaixo dos 137 mil pontos. O destaque fica para as ações do Itaú, que veio com resultado muito forte. O banco vem mostrando a sua robustez há muito tempo, o que reflete no mercado. A temporada de balanços segue no radar, aqui e nos EUA. O mercado segue atento às negociações entre Estados Unidos e China. O volume financeiro da Bolsa tem se mostrado mais forte, o que reflete a entrada de fluxo estrangeiro e faz com que a nossa Bolsa tenha uma performance muito positiva”.
Mais cedo, foi divulgado o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,43% em abril, desacelerando frente março (+0,56%). No acumulado em 12 meses até abril, o indicador avançou 5,53%. Ambos vieram praticamente em linha com as estimativas do mercado (+0,44% no mês) e (0,54% em 12 meses até abril, segundo Termômetro Safras.
Ubirajara Silva, gestor de renda variável, o setor financeiro ajuda a manter a bolsa no positivo.
“Se não fossem os bancos a bolsa estaria sofrendo na sessão de hoje. O setor está subindo bem no ano, ontem foi com o Bradesco e hoje com o Itaú. As empresas ligadas ao mercado interno, principalmente as de varejo que divulgaram resultados, estão apagando. O IPCA veio dentro da expectativa do mercado e não faz muito preço. se expurga os bancos, o índice estaria sofrendo bem hoje. O exterior cai um pouco e acaba atrapalhando um pouco aqui. Não tem dinheiro novo na bolsa, com o resultado. Tem o evento do final de semana com um possível início de negociação entre EUA e China. Mercado deve ficar próximo ao zero a zero”.
No câmbio, o dólar comercial fechou a R$ 5,6541 para venda, com desvalorização de 0,12%. Às 17h05, o dólar futuro para junho tinha baixa de 0,16% a R$ 5.679,500. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, recuava 0,27% a 100,36 pontos.
O dólar foi pressionado pela expectativa com as negociações entre a China e Estados Unidos para um acordo comercial e possibilidade de fim de ciclo de alta de juros por aqui.
André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferência internacional, conta e cartão Remessa Online, disse que o mercado de câmbio tem bastante volatilidade, no entanto, “a moeda brasileira segue se valorizando em relação ao dólar. No cenário doméstico, embora o comunicado do Copom não tenha sido explícito sobre os novos aumentos da taxa de juros, o caminho está aberto. Alguns interpretaram como uma nova possibilidade de aumento em junho, outros interpretaram que o ciclo de aperto acabou. O Brasil já tem uma das taxas reais de juros mais altas do mundo e isso tem contribuído para esse processo de valorização da moeda brasileira. É claro que não é só isso, tem os acordos dos Estados Unidos com Reino Unido, conversa que os Estados Unidos terão com a China amanhã na Suíça. Com isso, a diminuição da tensão, no que diz respeito à guerra comercial, é importante, tem sim contribuído para esse processo de valorização que não se limita só ao real”.
Marcos Weigt, head de tesouraria da Travelex Brasil, disse que o mercado segue aguardando as conversas entre Estados Unidos e China, no final de semana.
“Acredito que o Trump [Donald Trump] vai buscar acordos e reduzir bastante essas tarifas exageradas que ele estipulou, pois no final essas tarifas são ruins até para os americanos. Mas a ideia de diversificação permanece [saída de EUA para outros mercados]. As incertezas são muito grandes, portanto, os emergentes devem receber uma parte dos recursos também, completou.
“O presidente Donald Trump indicou a possibilidade de reduzir tarifas atualmente em 145% para patamares entre 50% e 80%, o que foi interpretado pelo mercado como um gesto de flexibilização em meio ao impasse comercial”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Segundo o especialista, no cenário doméstico, fatores internos contribuíram para sustentar o real. “A fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmando o compromisso do Banco Central com o controle da inflação, aliada à divulgação de um IPCA dentro do esperado, fortaleceu a perspectiva de manutenção da Selic em níveis elevados. A taxa, atualmente em 14,75% ao ano, continua oferecendo diferencial de juros favorável, sustentando o apetite pela renda fixa local’, completou.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda refletindo o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril e com o mercado ainda dividido sobre o fim do ciclo de alta de juros. O mercado fica à espera da ata do Copom na semana que vem para tentar entender os próximos passos do BC.
Por volta das 16h10 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,795% de 14,790% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 13,970%, de 13,990%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,410%, de 13,450%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,355% de 13,415% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em ligeira queda, enquanto os investidores aguardam as tão esperadas negociações comerciais entre autoridades dos Estados Unidos e da China neste fim de semana.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,29%, 41.249,38 pontos
Nasdaq 100: -0,004%, 17.928,92 pontos
S&P 500: -0,07%, 5.659,91 pontos
Cynara Escobar, Dylan Della Pasqua e Darlan de Azevedo / Safras News