Porto Alegre, 26 de dezembro de 2025 – O ano de 2025 foi marcante para a bovinocultura de corte brasileira. O analista de Safras & Mercado, Fernando Iglesias, sinaliza que o setor foi pautado pelo maior abate da história. O volume superou a marca de 441,044 milhões de cabeças, o que contribuiu para a maior produção de carne bovina de todos os tempos, de 11,392 milhões de toneladas. “Tiveram destaque para esse resultado os abates nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Goiás. Também é preciso mencionar a evolução da região Norte como um relevante polo de produção de carne bovina”, avalia.
A resiliência do valor da arroba do boi gordo também marcou o ano de 2025. O setor conseguiu superar o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, atingindo exportações também em níveis históricos, de 4,984 milhões de toneladas, com avanço de 19,04% ante 2024. “Os embarques não cresceram apenas em volume, mas também em receita de forma bastante significativa”, comenta.
Grande parte dos abates de bovinos foram absorvidos pela demanda externa
Iglesias destaca que os maiores mercados compradores do Brasil ao longo de 2025 foram China, seguidos por México, União Europeia, Rússia e, antes do tarifaço, os Estados Unidos. “Grande parte dos abates neste ano foram absorvidos pela demanda externa, o que ajudou a manter os preços do boi em bons patamares”, sinaliza.
A demanda interna, por outro lado, seguiu problemática, uma vez que o brasileiro tem sérios problemas em relação ao baixo poder de compra. Isso fez com que a disponibilidade interna de carne bovina caísse 1,96% em 2025, ficando em 6,445 milhões de toneladas. “O nível de endividamento das famílias segue elevado, boa parte dos recursos de programas sociais do governo foram utilizados pela população para a realização de apostas em jogos de azar e não para a compra de alimentos, o que contribuiu para fazer com que a demanda por carne bovina ficasse reprimida”, afirma.
Concorrentes internacionais enfrentam desafios em 2025
Concorrentes históricos do Brasil na exportação de carne bovina enfrentaram momentos delicados ao longo de 2025. Iglesias sinaliza que Estados Unidos e União Europeia vem apresentando recuos rotineiros em seus rebanhos no decorrer da década. A Argentina também enfrentou dificuldades, contando com encolhimento do abate, produção e exportação na atual temporada.
Conforme Iglesias, o Brasil tem muitos predicados quando se trata no entendimento da demanda global, com boas condições de atender as especificações dos mercados mais exigentes. Precocidade e biosseguridade são os grandes diferenciais brasileiros neste momento. Além disso, o país trabalha de maneira firme pela rastreabilidade integral do rebanho de bovinos, diferencial que ampliaria a capacidade brasileira em fornecer produto para mercados que contam com maior grau de exigência.
Exportadores globais de carne bovina encerram ano na expectativa sobre resultado da investigação chinesa
Se por um lado o desempenho brasileiro se mostrou muito favorável ao longo de 2025, o setor encerra o ano com uma certa apreensão. O motivo é o resultado da investigação chinesa iniciada no final de 2024 que avalia os impactos da importação de carne bovina sobre a produção local. O resultado era para ter sido divulgado ainda em novembro deste ano, mas a nova data limite para o anúncio de eventuais salvaguardas foi adiada para 26 de janeiro de 2026. “Este é, sem dúvida, um dos fatores de maior preocupação para os exportadores de carne bovina do Brasil neste final de ano, dada a relevância da China nas compras da proteína”, finaliza Iglesias.
Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Safras News
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