Logo (4)
COTAÇÕES
Dólar
Euro

Governo diz que negociação do agro sobre tarifaço dos EUA vai incluir empresários e buscar outros mercados

Boi, Café

Links deste artigo

São Paulo, 15 de julho de 2025 – Em entrevista coletiva após a segunda reunião do governo federal com empresários sobre as tarifas de 50% aos produtos nacionais anunciadas pelo presidente Donald Trump a partir de 1 de agosto, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, disse que a estratégia com o setor será a mesma definida com os empresários da indústria. O governo buscará o diálogo com os Estados Unidos e os empresários do agro também vão tentar negociar com congêneres estadunidenses, para mostrar os prejuízos para o mercado dos EUA. Mas o destaque foi a busca por ampliação de prazo especialmente para o setor que é mais afetado por comercializar produtos perecíveis.

O vp disse que as reuniões vão continuar. “Amanhã vamos falar com a Amcham, indústria química, confederações, empresas de software, de origem americana e centrais sindicais. Continuam essas conversas”.

Alckmin também voltou a dizer que recebeu o representante da Embaixada dos EUA. “Eu já recebi o Gabriel Escobar, que é o encarregado da Embaixada Americana, não agora nesses dias, mas anteriormente. E temos mantido um contato importante com o secretário [de Comércio dos EUA] Howard Lutnick e com o embaixador [Jamieson] Greer da USTR [United States Trade Representative].”

Por fim, Alckmin citou lei de reciprocidade e disse que o governo terá alguns dias para tentar reverter tarifa dos EUA. “Temos o decreto e o comitê instalado para ouvir o setor produtivo. Teremos outras reuniões e alguns dias para tentar reverter esse quadro que não tem a menor lógica do ponto de vista econômico, nem comercial, é prejudicial para o Brasil e para os EUA.”

O ministro da Agricultura e Pecuária (MAPA), Carlos Fávaro, disse que os diálogos com o setor produtivo vão continuar e ressaltou o trabalho de ampliação dos mercados que vem sendo feito pelo governo. “Isso foi feito de forma muito intensa, com o próprio presidente lidando com a retomada da boa diplomacia brasileira, gerando 393 novos mercados abertos para a agropecuária brasileira, além das ampliações”, disse. “O próprio mercado americano é crescente, desde 2024 para esse ano, por exemplo, a carne bovina saiu de 220 mil toneladas para 196 mil em seis meses, chegaremos a 400 mil toneladas no fim do ano.”

A determinação do presidente Lula é que esse papel seja intensificado, achar novas alternativas para essa produção brasileira”, disse Fávaro, ressaltando o lançamento do “maior Plano Safra da história do país” e da safra recorde dentro de uma estratégia de “abastecer o mercado local, combater inflação de alimentos e excedentes para exportar gerando crescimento”.

“Nós vamos intensificar a busca de alternativas, mas reconhecendo que não será possível em 10 ou 15 dias dar destino a tudo isso que se produz no Brasil e é vendido para os EUA. O diálogo está aberto com soberania e altivez.”

Alguns representantes do agro que participaram da reunião deram declarações aos jornalistas.

Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), disse: “Trouxemos nossa preocupação com a medida tomada pelos EUA. Pedimos ao governo que a negociação precisa continuar. Nossos frigoríficos já estão parando de produzir para os EUA haja vista a incerteza da taxação. Com essa taxação se torna inviável a exportação de carne bovina aos EUA, que é o nosso segundo maior comprador, depois da China.”

“Temos cerca de 30 mil toneladas que estão no porto ou nas águas e a nossa preocupação é como se dará o desdobramento a partir do dia 1o. É um volume de US$ 160 milhões que já estão produzidos e a caminho dos EUA. O impacto é numa cadeia que gera milhões de empregos no Brasil”, disse.

O representante da Abiec disse que apoia o governo brasileiro, por todo o trabalho de abertura de mercados e que negocia com fornecedores. “A sugestão, de imediato, é se possível uma prorrogação dessa taxação, pois existem contratos em andamento e não dá tempo de desfazer esses contratos até o dia primeiro. Ou o retorno”, disse Perosa.

Perosa disse que a produção brasileira complementa a americana, que está em seu menor ciclo pecuário dos últimos 80 anos, e o Brasil exporta carne utilizada para fazer hambúrguer, ou seja, “recortes do dianteiro do boi e carnes não tão consumidas no Brasil, mas que tem importância econômica nos EUA”. “O hambúrguer vai ficar mais caro com certeza nos EUA”, disse.

“Lembrando que setor já é taxado em cerca de 36%, já tem alta taxa, e com mais 50% fica inviável para a exportação”, disse o presidente da Abiec.

O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), Marcio Cândido, destacou que o Brasil exportou no ano passado 50,4 milhões de sacas de café, das quais 8,2 milhões para os EUA, que é maior consumidor de café. “E o Brasil representa 33% de todo o café que é consumido lá. O café brasileiro, tanto arábica quanto o robusta, é o mais competitivo”, disse. “Agradecemos ao governo por tudo que tem feito no Brasil e no exterior e defendemos o diálogo”, disse o presidente da Cecafe.

Cândido disse que os empresários americanos acham que a medida é inflacionária porque o café não é produzido nos EUA e não concorre com o agro americano e achou positivo o convite do governo para conversar. “Não só pela tarifa. É abertura de mercado, viagem para o exterior, eu estive 30 dias na Ásia com o governo, então estou muito feliz de estar aqui. Nós vamos achar solução e ela será benéfica para todos nós”, finalizou o presidente da Cecafe.

Pavel Cardoso, Presidente da Associação Brasileira de Industria do Café (Abic), ressaltou a complementaridade do café brasileiro ao mercado dos EUA. “A experiência que a indústria nacional com a indústria americana, que também negocia esse equilíbrio na relação comercial Brasil-EUA, há todo um sentimento do setor que isso seja resolvido”, disse. “O ambiente aqui é de negociação, de urgência e de curto prazo para manutenção das boas relações comerciais que o Brasil tem com o país americano há mais de 200 anos.”

Ibiapaba Neto, Presidente da CITRUS BR, que representa os exportadores de suco de laranja, disse que 40% das exportações têm como destino os EUA e em 2024 movimentou US$ 93 bilhões em receitas, também destacando a complementariedade com este destino e a importância do diálogo e do pragmatismo na negociação. “Agradecemos os ministros Alckmin e Fávaro que têm sido apoiadores do diálogo, vamos manter o pragmatismo. O setor está bem preocupado, a safra está bem no começo, temos uma safra inteira para ser colhida sem saber se o nosso segundo mercado será mantido, pois a tarifa de 50% associada aos US$ 515 por tonelada que o setor já paga, inclusive a mais do que seus principais concorrentes, certamente inviabiliza.”

Guilherme Coelho, Presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) disse que os produtores “têm hoje 2,5 milhões hectares de frutas para colher e 5 milhões de empregos” e ressaltou a preocupação com a manga, especialmente. “Neste momento o que mais nos preocupa é a safra da manga para os EUA. O Vale do São Francisco está em pânico. Essa safra significa 2,5 mil containers de manga para os EUA, foi planejada há seis meses, como todo ano, engloba embalagem, grandes, médios e pequenos produtores, reservas nos navios e supermercados. Estamos bastante inseguros. Não podemos pegar a manga e jogar na Europa, não tem logística, nem no Brasil, preço vai desabar. Urge o pensamento global, o desemprego em massa. Vamos exaurir a conversa” disse o presidente da Abrafrutas. “Espero que os alimentos não entrem nessa taxação.”

Coelho disse que antes não existia taxação, depois veio a de 10% e agora com a tarifa de 50% ficará inviável vender aos EUA. “A safra de manga começa em 1 de agosto”, concluiu a Abrafrutas.

 

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

Copyright 2025 – Grupo CMA

Compartilhe

  • Deixe uma resposta
    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *
PLATAFORMA SAFRAS

RELACIONADOS

  • Todos
  • Açúcar
  • Açúcar e Etanol
  • Agenda da Semana
  • Agricultura de Precisão
  • Agronegócio
  • Algodão
  • Arroz
  • Biodiesel
  • Blog Açúcar
  • Blog açúcar e etanol
  • Blog Agricultura de Precisão
  • Blog Algodão
  • Blog Arroz
  • Blog Biodiesel
  • Blog boi
  • Blog Café
  • Blog clima
  • Blog Feijão
  • Blog Fertilizantes
  • Blog Frango
  • Blog Milho
  • Blog Plataforma Safras
  • blog safras
  • Blog Soja
  • blog suíno
  • Blog Trigo
  • Boi
  • Café
  • Clima
  • Destaque
  • Economía
  • Economia
  • Empresas
  • Empresas
  • Feijão
  • Fertilizantes
  • Financeiro
  • Frango
  • Mercado
  • Milho
  • Plataforma Safras
  • SAFRAS Podcast
  • SAFRAS TV
  • Sem categoria
  • Social BR
  • Social Latam
  • Soja
  • Suíno
  • Trigo

Ganhe uma visão uniforme e aprofundada do agronegócio com a Plataforma Safras: acesse análises, preços comerciais, fretes, paridades, estatísticas, indicadores, notícias, gráficos e baixe relatórios em um único lugar!

TUDO SOBRE O AGRONEGÓCIO

 GLOBAL EM UM SÓ LUGAR

Ver Pacotes
Group 139 1

CADASTRE SEU E-MAIL E FIQUE POR DENTRO DAS INFORMAÇÕES SOBRE O AGRONEGÓCIO.

Cadastrar