Porto Alegre, 19 de março de 2025 – O analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, indicou que o início de 2025 deve ser de cautela na comercialização do feijão. O motivo seria o saldo comercial de 2024/25 que foi amplamente positivo, impulsionado pela forte valorização do dólar, que oscilou em torno de R$ 6,00 no segundo semestre de 2024.
“Esse fator tornou o grão brasileiro mais competitivo no mercado externo, favorecendo um avanço expressivo das exportações e, ao mesmo tempo, desestimulando as importações, que recuaram de maneira significativa”, afirmou.
Oliveira também explicou que os agentes que apostaram em variedades mais demandadas no exterior obtiveram bons retornos, aproveitando a janela favorável da taxa de câmbio e a forte demanda da Índia, Venezuela e México. Porém, o analista estima que essa estratégia enfrenta novos desafios no início de 2025, uma vez que os embarques começam a esfriar, exigindo cautela e adaptação às oscilações do mercado global.
Exportações
O Brasil exportou um total de 323,5 mil toneladas na temporada 2024/25, movimentando US$ 317,7 milhões, com um preço médio de US$ 982,04 por tonelada.
O Mato Grosso liderou as exportações, respondendo por 41,4% do volume total, seguido pelo Paraná (19,4%), Minas Gerais (7,5%) e outros estados (31,7%). O preço médio por tonelada variou significativamente, com MG registrando a cotação mais alta (US$ 1.150,72/t) e MT a mais baixa (US$ 863,81/t).
Já a Índia foi a principal compradora, absorvendo 46,96% das exportações (151,9 mil toneladas), mas pagando um valor abaixo da média (US$ 884,29/t). Outros mercados relevantes foram Venezuela (11,12%), México (8,54%) e África do Sul (5,9%), com preços médios superiores, indicando melhor valorização do produto nesses países.
“A concentração da demanda na Índia ainda representa um risco, tornando o mercado brasileiro vulnerável a mudanças na política comercial do país asiático. No entanto, o crescimento das exportações para mercados da América Latina e África indica diversificação da demanda”, apontou.
Importações
O Brasil importou 34,4 mil toneladas, com gasto de US$ 30,2 milhões, a um preço médio de US$ 880,33/t, inferior ao valor médio de exportação.
A Argentina dominou as vendas ao Brasil, com 89,3% do volume importado (30,7 mil toneladas) e um preço médio de US$ 869,46/t. Bolívia e Paraguai também tiveram participação, mas com volumes modestos. Importações da Bélgica e Espanha ocorreram a preços mais elevados. O Paraná foi o principal estado importador (84,6% do volume), sinalizando que grande parte do feijão importado foi direcionado à indústria ou reexportado após beneficiamento.
“O cenário atual reforça a necessidade de um planejamento estratégico para manter a competitividade do feijão brasileiro, buscando novos mercados e garantindo margens sustentáveis mesmo diante de um possível enfraquecimento do câmbio e menor apetite externo”, estimou.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
Copyright 2025 – Grupo CMA