Porto Alegre, 28 de fevereiro de 2025 – O mercado brasileiro de feijão carioca em fevereiro foi marcado por baixa liquidez, demanda seletiva e preços firmes nos lotes de melhor qualidade. Conforme o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, compradores resistiram a grandes volumes, resultando em negociações pontuais e oferta controlada pelos corretores.
“A demanda se concentrou nos grãos de melhor padrão (notas 9 e 9,5), cuja oferta limitada sustentou a valorização. Já os feijões comerciais enfrentaram dificuldades de escoamento, agravadas pela qualidade comprometida devido às chuvas nas regiões produtoras”, disse.
A escassez de feijão extra manteve os preços firmes, refletindo a restrição na oferta e a reposição gradual dos empacotadores.
Segundo Oliveira, na parte final do mês, o mercado seguiu travado, com poucos negócios e forte seletividade na demanda. Feijões abaixo do padrão tiveram pouca saída, enquanto os estoques de feijão extra nota 9,5 permaneceram escassos e com preços elevados.
Nesta última semana, os negócios ganharam volume, mas com ritmo moderado. Os preços dos melhores lotes chegaram a R$ 275/sc, mas foram comercializados entre R$ 265 e R$ 270/sc. A proximidade do Carnaval levou produtores a adotarem postura cautelosa, apostando em um cenário mais favorável após as festividades.
O analista também explicou que com a chegada de março e um período de entressafra de 50 a 60 dias, a expectativa é de manutenção da firmeza nos preços, impulsionada pela menor oferta e pela reposição no varejo. “O comportamento dos compradores será decisivo para a trajetória dos preços, que podem sofrer ajustes graduais até abril, dependendo do ritmo de escoamento e da chegada de novos lotes ao mercado”, afirmou.
Feijão preto
Em fevereiro, o mercado de feijão preto teve preços estáveis, baixa liquidez e incerteza sobre a demanda futura. De acordo com Oliveira, os volumes disponíveis garantiram o abastecimento interno e reduziram as oscilações nos preços.
“A colheita da primeira safra foi superada, e os estoques devem suprir até a chegada da segunda safra, prevista para abril/maio”, contou.
Na primeira semana, os preços do feijão preto extra foram firmes em São Paulo, a R$ 235,00/saca, enquanto no Paraná oscilaram entre R$ 190,00 e R$ 220,00/saca. No Rio Grande do Sul, variaram entre R$ 170,00 e R$ 210,00/saca. A Conab informou que a colheita da primeira safra atingiu 40,2%, e o plantio da segunda safra avançou para 94,5%.
Na segunda semana, os preços mantiveram-se entre R$ 190,00 e R$ 220,00/saca FOB Paraná, com exportações perdendo força devido ao aumento da oferta global e à redução das tarifas de exportação na Argentina. A indefinição sobre a segunda safra gerou adiamentos no plantio, impactando a oferta futura.
Na terceira semana, as negociações ficaram travadas pela oferta excessiva de feijão comercial e escassez de feijão nobre, com preços de pedidos e ofertas em desacordo. No varejo, os preços variaram entre R$ 5,00 e R$ 6,00/kg, favorecendo o consumo, mas sem recuperação nos preços na origem.
Na última semana, a demanda seguiu fraca, com pedidos entre R$ 170,00 e R$ 190/sc para grãos comerciais. Os melhores lotes foram cotados em R$ 210/sc, e o feijão maquinado de 30 kg manteve-se em R$ 235/sc. A resistência dos produtores e a falta de compradores mantiveram o mercado lento.
“O desenvolvimento das lavouras segue positivo, mas o aumento de pragas preocupa a produtividade futura. No Rio Grande do Sul, a estiagem e o calor excessivo causaram perdas, enquanto em Ijuí, 98% da área foi colhida”, relatou.
Por fim, o consultor estimou que nos próximos meses, o comportamento das exportações será decisivo. Se as vendas não aumentarem, o mercado pode continuar estagnado, com ajustes de preços para estimular a liquidez.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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