O mercado da cana-de-açúcar se estabeleceu como um setor de grande potencial produtivo no Brasil.
O país é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com um complexo de mais de 450 usinas instaladas, sendo o estado de São Paulo responsável por 172 instalações e 55% da área nacional plantada. E grande parte das usinas paulistas de processamento de cana podem escolher produzir açúcar ou etanol.
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Diferentes utilizações da cana-de-açúcar no mercado interno
O setor de cana-de-açúcar conseguiu suprir tanto a esfera de produção de alimentos quanto a área de demanda de energia, diante da disseminação de veículos flex na malha rodoviária nacional ao longo dos últimos 30 anos. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, os veículos flex representam aproximadamente 70% da frota circulante pelas vias brasileiras.
Ao mesmo tempo em que o setor consegue suprir toda a cadeia nacional de indústrias de alimentos e químicos, também conseguiu se mostrar como uma alternativa aos preços internacionais mais caros dos combustíveis fósseis. Segundo a PWC, o Brasil se encontra em 6º lugar no ranking mundial de indústrias químicas com faturamento anual de US$ 157 bilhões, representando 3,1% do faturamento anual do setor em termos internacionais que é de US$ 5 trilhões.
Segundo a ABIA, Associação Brasileira de Indústria de Alimentos, a indústria brasileira de alimentos e bebidas é a maior do País e representa 10,6% do PIB brasileiro e gera 1,72 milhão de empregos formais e diretos. O Brasil é o segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo, levando seus produtos para 190 países.
O setor da cana-de-açúcar tem conseguido grandes evoluções na área de cogeração, produzindo energia para manutenção própria a partir da geração de gases da queima do bagaço de cana ao ponto de até, em algumas ocasiões, participar de leilões governamentais de compra de energia. Segundo a Fundação Getúlio Vargas o consumo anual de energia elétrica no Brasil gira em torno de 555 TWh (Terawatt-hora), com crescimento médio, de 4% ao ano, equivalente ao da nossa capacidade instalada.
O mercado do açúcar representa outra grande possibilidade de destinação da cana no Brasil.
China e Argélia são os maiores compradores individuais de açúcar do Brasil, com pouco mais de meio milhão de toneladas ao ano para cada um dos dois países, seguidos de outros países do Oriente Médio e da Ásia.
O porto de Santos em São Paulo possui o maior fluxo de embarque da commodity com 85% do volume exportado e o porto de Paranaguá ocupa a segunda posição com 10%. Os 5% restantes são escoados via portos da região Nordeste do país.
Os preços internacionais de referência são majoritariamente feitos por meio da bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o açúcar bruto e da bolsa de Londres (ICE Futures Europe) para o açúcar branco.
Há outros mercados de fixação de preços futuros como na China, cuja bolsa local (Zhengzhou Commodity Exchange) é referência para preços do açúcar branco. Esta bolsa chinesa é referência apenas local, porque este mercado recebe subsídios governamentais enão representa viés para o comportamento internacional de preços. Ainda na questão dos subsídios temos algumas disputas recentemente encerradas entre Brasil e Índia por conta de subsídios locais que marcaram a produção de pelos menos três temporadas ao longo dos últimos anos.
No Brasil, há alguns anos, existem contratos futuros de açúcar cristal no segmento de mercadorias e futuros da B3 (BM&F), mas eles não possuem liquidez operacional suficiente para balizar o mercado.
As operações mais comuns no Brasil para o açúcar cristal são feitas por meio de negociações diretas no mercado físico, ou spot como é conhecido no dia a dia, e também por meio de contratos diretos de fornecimento entre usinas e indústrias.
Pelo lado do etanol, o mercado internacional também é disputado por apenas dois grandes players, no caso Estados Unidos e Brasil, com produções médias respetivas por safra de 57 e 20 bilhões de litros. Os Estados Unidos são os maiores produtores internacionais de etanol de segunda geração, que é o etanol de milho e o Brasil está em segundo lugar em termos de volume de etanol de primeira geração, que é o de cana.
Ainda assim, o Brasil exporta um volume marginal do que produz, em torno de pouco mais de 2 bilhões de litros, enquanto os Estados Unidos exportam em média por ano cerca de 5,25 bilhões de litros para o mundo inteiro. A discrepância forte em termos de fluxo não é apenas a diferença entra destinação de origem de produção dos dois países [atendimento da demanda interna contra atendimento da demanda externa, respectivamente para Brasil e Estados Unidos]. Ela reflete também a capacidade de lobby diplomático dos Estados Unidos em fechar mercados externos ao etanol de cana-de-açúcar do Brasil que, mesmo mais barato e menos poluente, não consegue captar novos compradores além de pequenos destinos da Ásia, como Correia do Sul, e da Europa e de regiões fechadas por cotas nos Estados Unidos, como na Califórnia. A Índia tem traçado metas de ampliar a sua produção de etanol ao longo dos próximos anos, também com o objetivo de atender a demanda interna, mas atualmente produz pouco mais de 1 bilhão de litros.
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