Vendas da safra 2021/22 de café do Brasil atingem 89%, em ritmo lento

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     Porto Alegre, 11 de março de 2022 – O ritmo das vendas da safra de café 2021/22 do Brasil, colhida ano passado, segue mais lento nas últimas semanas, após recentes declínios nas cotações ao produtor. Isso é reflexo de baixas na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e do dólar mais fraco.

      A comercialização da safra brasileira 2021/22 até o último dia 10 de março atingia 89% da produção, contra 86% do mês anterior, segundo o levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. O percentual de vendas é superior a igual período do ano passado, quando girava em torno de 87% da safra. O fluxo de vendas também está bem acima da média dos últimos anos para o período (85%). Assim, já foram negociadas 50,44 milhões de sacas de uma produção estimada em 2021/22 por SAFRAS & Mercado de 56,5 milhões de sacas.

     A comercialização de arábica chega a 87% da safra BR-21, ligeiramente acima de igual período do ano passado quando alcançava 86% e superior à média de 5 anos para período (83%). Já as vendas de conilon alcançavam 94% da safra 2021, contra 91% vendido em igual época do ano passado e 89% na média dos últimos cinco anos para o período.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o realinhamento negativo na curva de preços junto à maior volatilidade dos mercados com o conflito no Leste da Europa trouxe um pouco mais de interesse do lado da venda. “Porém, esse interesse não se traduziu em volume de negócios. E assim, as vendas da safra atual seguem em ritmo compassado, típico de um período de entressafra”, comenta.

     Barabach diz que é verdade que a queda nos preços trouxe mais desconfiança do produtor em relação ao mercado. “Cresce a percepção que o  pico de mercado já ficou para trás. Essa visão é reforçada diante da proximidade da safra nova. Mesmo assim, o produtor continua na defensiva, alongando posições e sem mostrar afobação”, coloca.

     A menor disponibilidade física, por conta da quebra da safra brasileira 2021, contribui para o andamento mais lento das vendas nessa reta final de temporada comercial, avalia.

     O comprador também não mostra grande agressividade, aborda o consultor. “A maior preocupação entre os exportadores é ajustar o fluxo de embarques, atrasado por conta do gargalo logístico gerado pela pandemia. A grande maioria só deve conseguir reorganizar os embarques da atual temporada em junho e julho, ou seja, já dentro da nova temporada comercial”, diz Barabach.

     Percebe-se nas últimas semanas uma aceleração no movimento desses cafés em direção aos portos, o que deve esvaziar um pouco os armazéns e ajudar a manter o ritmo de embarques do Brasil nesses últimos meses da temporada, estima Barabach. “Com isso, podemos ter uma melhor noção sobre o potencial estoques de passagem da safra 2021/22, que promete ser bem baixo. Já esse fluxo atrasado deve mexer com as posições dos compradores com a safra brasileira 2022 do Brasil, pelo menos no início da nova temporada. Existe a expectativa do comprador encurtar um pouco suas posições. Os preços altos do café justificam essa postura”, conclui.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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