Porto Alegre, 21 de outubro de 2022 – SAFRAS & Mercado apresentou nessa semana uma revisão na sua estimativa para a produção brasileira de café 2022/23 e a atualização dos números da comercialização da safra do país. Houve mais uma revisão para baixo na estimativa para a produção brasileira 2022/23 para agora 57,3 milhões de sacas de 60 quilos, contra 58,2 milhões de sacas de 60 quilos estimadas em setembro. O número inicial, preliminar, era de 61,1 milhões de sacas.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a safra de 2022 trouxe implicações raras que vão levando a correções nas estimativas. “As implicações climáticas vão de seca, frio extremo e geada, passando por excesso de chuvas nas floradas e no período de granação, com intervalos muito longos de estiagem e temperaturas acima da média”, comenta. Isso trouxe um impacto significativo sobre o desenvolvimento das lavouras para a safra de 2022.
Diante disso, SAFRAS voltou a ajustar seu número de produção para a safra Brasil 22/23, recuando para 57,30 milhões de sacas, sendo 34,60 milhões de arábica e 22,70 milhões de sacas de 60 kg de conilon.
Já a comercialização da safra brasileira de café de 2022/23 até o último dia 18 de outubro alcançou 60% da produção, contra 52% do mês anterior. O dado faz parte de levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. O percentual de vendas é bem inferior a igual período do ano passado, quando girava em torno de 68% da safra. Mas, o fluxo de vendas está um pouco acima da média dos últimos anos para o período (58%).
Assim, já foram negociadas 34,34 milhões de sacas de uma produção estimada em 2022/23 por SAFRAS & Mercado de 57,3 milhões de sacas. SAFRAS revisou a produção 2022/23, de 58,2 para 57,3 milhões de sacas.
Para Barabach, a queda nos preços, por mais paradoxal que pareça, acabou ativando um pouco mais as negociações no mercado físico disponível brasileiro. “Aquele produtor que estava precisando fazer caixa, assustado, veio para o mercado. Mas, em linhas gerais, o fluxo de negócios segue amarrado. A menor disponibilidade, por conta da frustração produtiva da safra 2022, é um limitante importante às vendas”, afirma.
Para o consultor, o fato é que o produtor continua na defensiva. Mas também não há grande agressividade do lado do comprador. “Tanto é que os diferenciais (basis) no FOB exportação Brasil até alargaram um pouco para algumas descrições no embarque mais curto, a despeito do tombo no referencial de NY”, indica.
O mês de setembro tem um peso significativo no fluxo de negócios, pois concentra um grande volume de entrega de contratos a termo, as chamadas negociações para entregas de vendas futuras entre produtores e tradings ou cooperativas, avalia o consultor. Especialmente nesse ano, diz Barabach, houve uma grande tensão sobre o percentual de rolagem, visto que a safra brasileira 2022 foi bem menor que a esperada incialmente.
Nas regiões do Sul de Minas, Cerrado e Mogiana, mais dinâmicas de negociações a termo, a rolagem girou em torno de 50% dos contratos, com maioria das tradings se mostrando flexível ao reposicionamento em safras futuras, indica. “Deste total, a grande maioria foi para acerto já na safra 2023, com pouco volume de café passando para safras 2024 e 2025. Essa informação é importante para o fluxo de negócios da safra atual, mas também já impacta o comprometimento comercial do produtor para a safra 2023”, comenta Barabach.
O avanço de 8 pontos percentuais em relação ao mês anterior na comercialização está muito mais ligado à revisão para baixo no tamanho da safra, que propriamente em um fluxo de vendas novas mais intenso, avalia Barabach. “Esse percentual compreende troca, termo (vendas futuras) e negociação física disponível”, diz.
Ele observa que o comprometimento atual do produtor segue bem abaixo de igual época do ano passado, quando as vendas alcançavam 68% da safra. “É bom lembrar que, na temporada passada, além da menor produção também o fluxo de venda antecipada foi mais intenso”, diz.
As vendas de arábica alcançam 58% do total da safra, com produtor alongando posições e mais concentrado nas entregas. “O custo do dinheiro mais caro e as incertezas financeiras e econômicas ajudam a manter o comprador na defensiva, o que colabora com ritmo mais lento dos negócios”, aborda o consultor. Em igual período do ano passado, o comprometimento por parte do produtor girava em torno de 65%. Já a média de vendas dos últimos 5 anos para o período é algo ao redor de 56%.
As vendas com conilon alcançam 64% da safra e concentradas em posições da indústria doméstica de torrado e moído. O fluxo de vendas continua bem abaixo de igual período do ano passado, quando estava em 73% da produção e ligeiramente acima da média de 5 anos para o período (63%).
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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