Porto Alegre, 20 de janeiro de 2023 – A comercialização da safra brasileira de café de 2022/23 até o último dia 17 de janeiro alcançou 75% da produção, contra 71% do mês anterior. O dado faz parte de levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. O percentual de vendas é bem inferior a igual período do ano passado, quando girava em torno de 82% da safra. Porém, o fluxo de vendas está no mesmo nível dos últimos anos na média para o período (75%).
Assim, já foram negociadas 43,02 milhões de sacas de uma produção estimada em 2022/23 por SAFRAS & Mercado de 57,3 milhões de sacas.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, as vendas de café no Brasil andaram de forma mais lenta no último mês de dezembro, ficando ainda mais fracas nesse início de 2023 diante da forte queda nos preços na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). “Já é característico no último mês do ano um fluxo de comercialização mais arrastado, por conta do período de festas e diante da questão fiscal, com muitos produtores evitando a venda nessa época para fugir do IR”, comenta.
Normalmente, aponta o consultor, janeiro começa com um pouco mais de interesse. Mas a guinada de baixa em NY voltou a assustar os produtores, travando ainda mais as vendas. “A distância entre a ideia de compra e venda aumentou consideravelmente e os diferenciais muitos firmes no FOB porto acabam tirando liquidez das negociações”, aponta. O mercado acelera as feições de auge de entressafra”, avaliou.
As vendas de arábica chegam a 72% do total da safra, com fluxo cadenciado diante da grande resistência do vendedor. Em igual período do ano passado, o comprometimento por parte do produtor girava em torno de 79%. Já a média de vendas dos últimos 5 anos para o período é algo ao redor de 73%.
Já a comercialização de conilon alcança 80% do potencial da safra, com destaque as posições da indústria doméstica de torrado e moído. O fluxo de vendas continua abaixo de igual período do ano passado, quando estava em 87% da produção e ligeiramente aquém da média de 5 anos para o período (75%).
Conab
A primeira estimativa para a safra de café em 2023 da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) aponta para uma produção de 54,94 milhões de sacas de café beneficiado. Mesmo neste ano de bienalidade negativa, a previsão inicial sinaliza uma produção 7,9% superior à colhida em 2022, que fechou em 50,9 milhões de sacas.
Para o café arábica, as estimativas iniciais da Conab apontam para uma retomada de produção em Minas Gerais, principal estado cafeicultor do país, o que impacta positivamente sobre a perspectiva nacional, mesmo com os efeitos da bienalidade negativa sobre muitas das regiões produtoras. De maneira geral, há um aumento na área total do país em produção em relação ao ciclo passado, bem como uma estimativa de incremento na produtividade média, impulsionado, particularmente, pelos rendimentos médios esperados em Minas Gerais, São Paulo e Paraná, explica o superintendente substituto de Informações da Agropecuária, Rodrigo Souza.
Assim, a expectativa de produção neste primeiro levantamento é de 37,43 milhões de sacas de café arábica beneficiado, sendo 14,4% superior ao volume obtido em 2022.
Quanto ao café conilon, depois de uma safra recorde em 2022, a perspectiva para a temporada atual sinaliza uma certa redução no potencial produtivo, particularmente em razão de intercorrências climáticas registradas no Espírito Santo, principal estado produtor da espécie, o que impactou fortemente as lavouras em fases iniciais do ciclo.
Mesmo com o aumento na área em produção, a estimativa para o rendimento médio deve sofrer um decréscimo em relação à safra anterior, revela o gerente de Acompanhamento de Safras da Companhia, Rafael Fogaça. Isso impacta, consequentemente, na perspectiva de produção total, que está avaliada, nesse primeiro levantamento, em 17,51 milhões de sacas de café conilon beneficiado, 3,8% menor que o volume nacional obtido na safra passada.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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