Porto Alegre, 23 de maio de 2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse há pouco, em entrevista a jornalistas na sede do Ministério em São Paulo, que a revisão no decreto que altera as alíquota do IOF – Imposto sobre Operações Financeiras – foi feita para evitar especulações sobre inibição de investimentos. “Recebemos subsídios de quem opera no mercado de que poderia acarretar problemas e passar uma mensagem que não era aquela que o Ministério desejava”, completou.
O ministro disse que a medida foi residual e envolveria apenas R$ 2 bilhões de impacto nas previsões divulgadas ontem – de um total de R$ 54 bilhões. “Valia a pena fazer a mudança para evitar especulações. Entendemos que a revisão era justa e o decreto já foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União”, afirmou o ministro.
Haddad agradeceu a quem entrou em contato com o Ministério e disse não ver problema em corrigir rotas. “Estamos abertos ao diálogo”, acrescentou. Para o ministro, a revisão do item antes da abertura do mercado “vai fazer bem”. Segundo ele, os apontamentos foram pertinentes e por isso foi feita a revisão.
Ao ser questionado sobre o desmentido que havia feito durante a coletiva de ontem, o ministro disse que a “boataria da quinta foi sobre JCP, dividendos e remessas e não sobre investimentos”. Haddad reiterou que o crédito de pessoa jurídica está totalmente excluído da medida e que o IOF sobre cartão de crédito foi equalizado.
“O impacto sobre a revisão da medida será muito baixo, de R$ 2 bilhões. Pelo impacto baixo é que decidimos rever”, afirmou. O ministro admitiu ainda que poderão ser feitos ajustes nos cortes de gastos anunciados ontem ao longo da semana, devido à alteração. “Temos uma semana para decidir isso”.
O ministro disse que mudanças como essas são comuns. “Várias decisões do CMN foram revistas ao longo dos últimos meses. Dada a repercussão tivemos que ser rápidos dessa vez. Se não houvesse a questão técnia, não haveria revisão. “, completou.
Haddad não considerou exagerada a reação do mercado. “Diferentemente do que ocorreu em dezembro, quando havia desinformação. Dessa vez não houve”.
O ministro descartou que houve descontentamento do Banco Central com a medida. “Não revejo decisões do BC. São mandatos diferentes. Há um diálogo da Fazenda com o BC sobre economia, mas decretos do governo não passam pelo BC”, explicou, acrescentando que a decisão de ontem busca harmonizar políticas monetárias e fiscal.
Haddad fez questão de esclarecer o mal entendido gerado ontem, quando o secretário-executivo Dario Durigan afirmou que o BC havia concordado com a decisão sobre o IOF. “Converso frequentemente com o Galípolo e disse que iria tomar medidas sobre despesas e receitas. Mas as minúcias do decreto não passam pelo BC. Assim como quando o BC toma as medidas de seu mandato. Isso não passa pelo governo”.
Haddad descartou estar protegendo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. “Converso com o Galípolo toda semana. Ninguém está protegendo ninguém. Não vamos confundir as atribuições de cada um”, finalizou o ministro.
Dylan Della Pasqua / Safras News
Copyright 2025 – Grupo CMA