São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em queda. O mercado mantém atenção ao conflito entre Israel e Irã. Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que deixou a cúpula do G7 mais cedo não para trabalhar em um cessar-fogo entre Irã e Israel, mas por algo “muito maior que isso”. A declaração, publicada na rede social de Trump, foi um a “resposta” ao presidente francês, Emmanuel Macron, que sugeriu que os EUA haviam se oferecido para ajudar a negociar um cessar-fogo. Apesar disso, Trump pediu a evacuação de Teerã.
A possível extensão do conflito preocupa e já tem efeitos práticos nos preços dos contratos futuros do petróleo, que operam nesta terça-feira em alta de mais de 1%. Embora não tenha havido interrupção visível no fluxo de petróleo, o Irã suspendeu parcialmente a produção de gás no campo de gás South Pars, que compartilha com o Catar, após um ataque israelense ter causado um incêndio no local no sábado. Israel também atingiu o depósito de petróleo de Shahran, no Irã.
Além do conflito no Oriente Médio, investidores também estão de olho na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que começa hoje e termina amanhã, com a decisão sobre os juros nos EUA. A previsão é que o Fed manter as taxas no patamar atual. Para os analistas do ING, Apesar da perda de força da atividade econômica, o Fed deve permanecer cauteloso em função dos riscos inflacionários, sobretudo aqueles relacionados ao impacto das tarifas e da alta dos preços de energia, agravada
pelos recentes ataques de Israel ao Irã.
A projeção do ING é que o primeiro corte de juros aconteça apenas em dezembro, com redução de 0,50 pp, seguido de novos ajustes em 2026, totalizando três cortes adicionais de 0,25 pp cada. A expectativa considera que o impacto retardado das tarifas e dos preços de energia sobre o poder de compra deve levar à desaceleração da inflação de serviços, enquanto a moderação nos aluguéis, que compõem cerca de 40% da cesta de inflação, também deve contribuir para a convergência da inflação à meta de 2% até 2026.
Hoje saem os dados sobre os preços de importação e exportação, vendas no varejo e produção industrial nos EUA. Durante a semana, ainda serão conhecidos os índices de capacidade utilizada, a confiança das construtoras, construção de novas residências, pedidos de seguro-desemprego, estoques de petróleo, e o índice de atividade industrial do Fed Filadélfia.
Por aqui, investidores também esperam a decisão da Comitê de Política Monetária (Copom), que baterá o martelo sobre a taxa Selic amanhã. Apesar do IPCA de maio abaixo do esperado, alta de 0,26%, vários analistas acreditam que o Copom deve elevar os juros “pela última vez” amanhã. O relatório Copom Watch, do BTG Pactual, acredtida no aumento de 0,25 ponto percentual, com a Selic permanecendo em 15% até o fim de 2025.
Ontem, o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil reduziu a previsão do IPCA para 2025, de 5,44% para 5,25%. Para 2026, a expectativa para a inflação segue estável em 4,50%. A meta para a inflação no período é de 3%. Sobre a taxa Selic, as previsões para 2025 e 2026 seguem estáveis em 14,75% e 12,50%, respectivamente.
Em Brasília, a Câmara dos Deputados aprovou ontem, por 346 votos a 97, a urgência para a tramitação do projeto de decreto legislativo (PDL) 314/2025 que suspende os efeitos do decreto do governo que altera regras do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A urgência foi aprovada, mas não foi definida a votação do mérito do texto do decreto, que deve ocorrer ainda está semana. O pedido de urgência foi apresentado pelo deputado Zucco (PL-RS), logo após a publicação da norma pelo governo na semana passada.
As alterações modificaram um decreto anterior que também tratava das regras do IOF. Entre as medidas propostas pelo governo estão o aumento na taxação das apostas eletrônicas, as chamadas bets, de 12% para 18%; das fintechs, de 9% para 15% a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), igualando-se aos bancos tradicionais; a taxação das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), títulos que atualmente são isentos de Imposto de Renda.
No setor corporativo, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realiza hoje, às 10h, a sessão pública do Quinto Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC). Estarão em oferta na sessão pública do 5º Ciclo da OPC 16 setores com blocos exploratórios, localizados em cinco bacias sedimentares: Parecis (terra); Foz do Amazonas, Potiguar, Santos e Pelotas (mar). Ao todo, 12 empresas apresentaram declarações de interesse e garantias de oferta para esses setores. No total, há 31 empresas inscritas aptas a apresentar ofertas na sessão pública do 5º Ciclo.
A Petrobras informou que assinou com a empresa Consag Engenharia S.A. os três primeiros contratos, resultados de licitações, para a conclusão da construção do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco. Esses contratos, com valor aproximado de R$ 4,9 bilhões, contemplam a implantação da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR), da Unidade de Hidrotratamento de Diesel S10 (UHDT-D) e da Unidade de Destilação Atmosférica (UDA). O valor já está previsto no Plano de Negócios 2025-2029. A conclusão do projeto contará ainda com outros pacotes de serviços, que se encontram em processo de licitação.
A Totvs informou que seu Conselho de Administração aprovou o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP), correspondente a R$ 0,15 por ação da Companhia, no valor total bruto de aproximadamente R$ 88 milhões, os quais serão imputados aos dividendos obrigatórios do exercício.
Emerson Lopes / Safras News
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