Queda do dólar pressiona preços da soja e trava mercado

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     Porto Alegre, 25 de março de 2022 – A semana foi bastante negativa para os preços da soja no mercado físico brasileiro. As cotações recuaram, pressionadas pelo fator câmbio. Os produtores, diante dos novos patamares, se retraíram e a movimentação perdeu força.

     A saca de 60 quilos recuou de R$ 210,00 para R$ 201,50 em Passo Fundo (RS). Em Cascavel (PR), o preço caiu de R$ 200,00 para R$ 193,00. Em Rondonópolis (MT), a cotação baixou de R$ 190,00 para R$ 183,00.

     No Porto de Paranaguá, a saca baixou de R$ 205,00 para R$ 197,00. Os prêmios de exportação perderam força na semana, compensando em parte a alta dos contratos futuros e pela queda na demanda por parte da China.

     A pressão sobre as cotações domésticas foi exercida pelo dólar comercial. A moeda americana acumulou baixa de 3,67% até quinta, quando fechou a R$ 4,833. O forte ingresso de recursos externos devido à alta das commodities, às taxas de juros elevadas e às oportunidades na renda variável colocou a moeda americana sob pressão.

     Já os contratos futuros em Chicago subiram 1,96% na posição maio para US$ 17 por bushel. A alta do petróleo e a boa demanda pela soja americana sustentaram os preços internacionais.

     Conjuntura

     Com os problemas climáticos enfrentados, principalmente na Região Sul, a safra brasileira na temporada 2021/22 deve ser 14% menor que o potencial produtivo. A projeção foi feita pelo analista de SAFRAS & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, durante palestra realizada no 3º SAFRAS Agri Week. “Devemos fechar com cerca de 125 milhões de toneladas, ante potencial de 145 milhões ou até mais”, destaca.

     Para o Rio Grande do Sul, a queda na produção ante a temporada 2020/21 deve chegar a 40%. No Paraná, a retração é ainda maior, de 43%. Em Santa Catarina, a baixa esperada é de 19%. “Além da falta de chuva e das temperaturas elevadas, vale ressaltar ainda que o estado gaúcho não atingiu toda a área esperada para 2021/22”, relata Gutierrez Roque.

    Sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o analista comenta que o reflexo ainda é pequeno para a oleaginosa. “Tem um impacto indireto”, frisa. “Com as sanções, a China pode comprar mais da Rússia, por ser um parceiro”, pondera, acrescentando, porém, que a relevância russa é pequena no mercado de soja.

     Gutierrez Roque aposta que a China deve importar 100 milhões de toneladas em 2022. “O consumo chinês deve seguir elevado”, salienta. “Vale lembrar que a China prefere o produto brasileiro em detrimento ao norte-americano”, ressalta. “E, mesmo com a queda do dólar, o Brasil segue competitivo no mercado exportador”, comenta.

     Sobre a moeda norte-americana, o analista aposta que o piso fica entre R$ 4,85 e R$ 4,90, em virtude dos problemas fiscais e econômicos, além da proximidade da eleição presidencial. 

     Com relação à safra norte-americana, com o atual patamar da posição novembro/22 na Bolsa de Mercadorias de Chicago, a sinalização é por uma produção grande no país. “A área pode ser maior este ano”, ressalta Gutierrez Roque. O relatório de intenção de plantio dos Estados Unidos sai dia 31 de março e terá a divulgação na Agência SAFRAS.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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