Proposta de vale pelo governo é interessante para escoar produção de carne bovina – Safras

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Porto Alegre, 6 de março de 2024 – O consultor de Safras & Mercado, Fernando Iglesias, destacou que a ideia do governo Lula de criar um vale para possibilitar que famílias pobres inscritas no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), como as que recebem o Bolsa Família, possam comprar de até dois quilos de carne bovina por mês é positiva, mas exige ressalvas. O valor sugerido para o voucher seria de R$ 35,00.

Segundo o jornal Estadão, a ideia da criação do vale carne foi apresentada por um grupo de pecuaristas de Mato Grosso do Sul ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, em agosto do ano passado, sob o nome provisório de “Programa Carne no Prato”. Teixeira destacou que a proposta foi repassada para a Casa Civil e o Ministério do Desenvolvimento Social.

Na avaliação de Iglesias, do ponto de vista de mercado a medida seria interessante, pois há uma grande oferta de carne bovina no Brasil, o que ajudaria a escoar a produção. “Um dos grandes gargalos do setor carnes hoje é o fato do varejo não ter repassado integralmente a queda do preço da arroba e da carne bovina no atacado ao consumidor final”, avalia.

Do ponto de vista social, Iglesias entende que a criação do “vale carne” é interessante, pois ofereceria uma proteína de qualidade para o dia a dia da população.

Por outro lado, ele faz a ressalva de que a criação de um vale carne poderia ter um impacto na política fiscal. “A população se depara hoje com um governo que não se mostra muito comprometido com o teto de gastos. Se adotada, a medida poderá trazer um peso adicional nas despesas, afetando a estrutura fiscal do governo”, sinaliza Iglesias.

A Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), que participou da entrega da proposta a Teixeira, destacou em nota que as vendas de carne bovina em 2023 caíram para o menor nível em 20 anos, atingindo 24,2 quilogramas por habitante. Ainda segundo a entidade, o apoio do Governo Federal poderia colaborar com toda a cadeia produtiva e com o Estado, melhorando a produção, criando emprego na indústria e aumentando a arrecadação.

“Numa contabilidade simples, isso geraria uma demanda por 2.350 milhões de cabeças de gado por ano, ou seja, 8% dos animais atualmente abatidos por ano no Brasil. A nova demanda com o programa seria de 475 mil toneladas de carne bovina por ano. No ano passado, o Mato Grosso do Sul exportou 174 mil toneladas. Ou seja, a nova demanda representa duas vezes e meia a quantidade exportada pelo Mato Grosso do Sul em um ano”, disse a Acrissul.

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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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