Porto Alegre, 01 de abril de 2022 – O mercado brasileiro de milho apresentou queda nos preços em março. A oferta aumentou bastante ao longo do mês pela decisão de venda do produtor, para honrar compromissos financeiros, preferindo segurar a soja.
E essas quedas ocorreram mesmo com uma oferta apertada e movimento interessante para exportação para entrega em abril e maio. A questão é que o produtor está mantendo estocada a soja e negocia mesmo o cereal neste momento.
Por outro lado, a comercialização está lenta da safrinha que será colhida no segundo semestre, e a expectativa é de uma colheita recorde. O consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, destaca que o país precisará de fortes volumes de exportação, de 35 a 40 milhões de toneladas, se for confirmada essa safrinha “gigante”.
Nova estimativa divulgada por SAFRAS & Mercado elevou a produção brasileira de milho em 2021/22 para 118,155 milhões de toneladas. O volume supera as 91,469 milhões de toneladas colhidas na temporada 2020/21. De acordo com o analista de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, houve um incremento em relação às 115,678 milhões de toneladas previstas no relatório anterior, divulgado em fevereiro, após ajustes para cima nos números da safra de verão e da perspectiva de uma produção ainda maior na safrinha.
A safra de verão 2021/22 de milho foi revista novamente por SAFRAS & Mercado e deverá atingir 21,158 milhões de toneladas, superando as 20,297 milhões de toneladas projetadas no relatório passado. “Houve uma melhora nos números de safra nos estados da Região Sul. Mesmo assim, por conta das perdas ocorridas pelo fenômeno La Niña, a produção ainda ficará abaixo das 21,645 milhões de toneladas colhidas na primeira safra 2020/21”, destaca.
Molinari afirma que a safrinha 2021/22 está sendo prevista em 84,578 milhões de toneladas, superando as 57,852 milhões de toneladas colhidas na temporada anterior e as 83,341 milhões de toneladas indicadas no relatório de fevereiro. “Merece destaque a perspectiva de uma grande colheita de milho segunda no Mato Grosso, que deve ficar próxima a 37 milhões de toneladas”, disse.
Um aspecto que pode ser de suporte ao mercado brasileiro, e global, é uma quebra na safra americana, ainda mais depois que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no relatório de intenção de plantio de 31 de março, colocou uma área abaixo da expectativa. Problemas climáticos para a safra americana poderão ter um resultado explosivo nos preços.
Os Estados Unidos deverão cultivar 89,490 milhões de acres na safra 2022, queda de 4% frente aos 93,357 milhões de acres cultivados na temporada anterior, segundo relatório de intenção de plantio divulgado há pouco pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O mercado trabalhava com uma área de 91,995 milhões de acres. Na comparação com o ano passado, a expectativa é de que área fique inalterada ou menor em 43 dos 48 estados consultados.
“Para o milho subir no 2º semestre, precisamos de 3 fatores: o câmbio para puxar preços nos portos, uma super quebra de safrinha e problema na safra americana”, ressaltou Molinari durante o 3º SAFRAS Agri Week. Com uma safra americana normal e safrinha dentro do normal, o segundo semestre é de pressão, sempre dependendo da importante decisão de venda do produtor. “Mas, se tivermos uma quebra da safra americana, por exemplo, os preços podem explodir”, alertou.
No mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Campinas/CIF caiu na base de venda em março de R$ 101,00 a saca para R$ 98,00, recuo de 3,0%. Na região Mogiana paulista, o cereal caiu no comparativo de R$ 97,00 para R$ 88,00 a saca, baixa de 9,3%.
Em Cascavel, no Paraná, no comparativo mensal de março, o preço caiu de R$ 98,00 para R$ 90,00 a saca, declínio de 8,2%. Em Rondonópolis, Mato Grosso, a cotação se manteve estável no comparativo em R$ 85,00 a saca. Já em Erechim, Rio Grande do Sul, também estabilidade, com preço ficando em R$ 97,00.
Em Uberlândia, Minas Gerais, o preço na venda em março caiu de R$ 92,00 para R$ 90,00 a saca, queda de 2,2%. E em Rio Verde, Goiás, o preço na venda baixou de R$ 93,00 para R$ 87,00 a saca, baixa de 6,4%.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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