Porto Alegre, 19 de outubro de 2021 – O dólar comercial fechou a sessão em R$ 5,5950, com alta de 1,35%. A moeda norte-americana foi fortemente pressionada pelo cenário fiscal incerto e turbulento, que continua a preocupar o mercado, que teme por uma quebra do teto de gastos por parte do governo.
Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a sensação é de um looping infinito, não conseguimos sair desse pesadelo fiscal”. Para a economista, as intervenções cada vez mais frequentes do Banco Central, que tem feito leilões de dólar para injetar liquidez no mercado, visam não apenas regular o câmbio, mas também arrefecer a inflação.
Abdelmalack enxerga nisso um subterfúgio fiscal: “Da maneira que isso está sendo feito, passa-se a impressão de tentar burlar as regras fiscais”, avalia. A economista considera que isso passa, ao mercado, uma sensação de “descomprometimento fiscal do governo, gerando dúvidas”.
Para o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, “o Auxílio Emergencial está chegando ao fim – assim como o Auxílio Brasil está para começar -, mas é necessária uma contrapartida fiscal permanente. E isso está travado no Senado”. Na visão do economista, a equipe econômica é contra este movimento do governo, o que aumenta ainda mais as incertezas para 2022.
“Enquanto continuar esta situação, essa falta de visibilidade, é inevitável que haja um reflexo no câmbio”, pondera Beyruti, que alerta que com a chegada do final do ano, as incertezas sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios e reforma do imposto de renda “só aumentam”.
Beyruti acredita que o governo tem interesse na continuidade do auxílio devido à grande rejeição do eleitorado: “É a maior (rejeição) em um ano que antecede as eleições”, pontua.
De acordo com o boletim matinal da Correparti, “em Brasília o clima é tenso, com a ala política e aliados pressionando a equipe econômica para tocar a agenda eleitoral, enquanto (o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur) Lira já questiona a prevalência do teto de gastos em detrimento à população”.
É exatamente essa falta de comprometimento do governo com os gastos públicos que preocupa os mercados: “O aprofundamento dos riscos fiscais tem impacto direto sobre o dólar e consequentemente sobre a inflação”, analisa a Correparti.
As informações partem da Agência CMA.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS Copyright 2021 – Grupo CMA