Porto Alegre, 08 de outubro de 2021 – O indicador de preços composto da Organização Internacional do Café (OIC) subiu 6,2% em setembro, para 170,02 centavos de dólar por libra-peso, na comparação com agosto (160,14 centavos), marcando a décima-primeira alta consecutiva e atingindo o maior nível desde fevereiro de 2012, quando a média registrada fora de 182,29 centavos. Comparado ao nível de outubro de 2020, primeiro mês da temporada 2020/21, de 99,05 centavos, a média de setembro de 2021 representa uma elevação de 60,06%.
Em seu relatório mensal de acompanhamento do mercado, a OIC destacou que a escalada dos preços do café no ciclo 2020/21 “ratificou uma recuperação ante os fracos níveis registrados nas três últimas temporadas”. “O mercado de café continuou impulsionado por preocupações com a forte estiagem no Brasil e pelas disrupções relacionadas a medidas de contenção da pandemia de Covid-19 que distorceram o fluxo do comércio de café na Ásia”, relatou a entidade sediada em Londres.
Safra 2020/21
A produção mundial de café arábica atingiu 99,280 milhões de sacas em 2020/21 (+2,3%). Por outro lado, a safra de robusta caiu 2,1%, totalizando 70,365 milhões de sacas.
Já o consumo global de café em 2020/21, segundo OIC, atingiu 167,258 milhões de sacas, com alta anual de 1,9% (164,135 milhões de sacas em 2019/20). Em setembro, a estimativa para a demanda global de café em 2020/21 era de 167,011 milhões de sacas.
Com isso, o mercado global de café teve superávit entre a oferta e a demanda na ordem de 2,386 milhões de sacas em 2020/21, após um excedente de 4,846 milhões de sacas observado em 2019/20. Em setembro, a OIC estava apontando um excedente de 2,633 milhões de sacas.
Conforme a OIC, a colheita do ano-safra de 2020/21 foi concluída em todos os países produtores e o foco do mercado deve se voltar para a produção a partir do ano-safra de 2021/22 e também de 2022/23.
A incerteza criada por choques de oferta relacionados ao clima e possíveis interrupções nos fluxos comerciais de medidas mais rígidas relacionadas à pandemia tornou-se uma séria ameaça à regularidade do fornecimento de café verde. Além disso, o aumento dos custos de produção, incluindo fertilizantes e gastos com mão de obra, deve abocanhar boa parte do ganho obtido com o recente rally e desacelerar os investimentos nos tratos culturais.
Por outro lado, com a perspectiva de um alívio nas restrições à mobilidade e as subsequentes perspectivas de recuperação econômica, o consumo mundial de café deverá continuar crescendo. Nos últimos dez anos, o aumento médio do consumo mundial foi de 1,9% ao ano. “Espera-se que a inelasticidade do consumo mundial aperte a relação oferta-demanda e aumente a possibilidade de continuidade das atuais tendências de alta dos preços do café”, salientou a OIC.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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