Porto Alegre, 13 de janeiro de 2023 – Apesar de uma boa recuperação nesta quinta-feira (12), a semana foi de quedas nas cotações do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional. As cotações chegaram a bater nos patamares mais baixos desde maio de 2021, refletindo especialmente as indicações de clima favorável à safra de 2023 do Brasil.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o tombo do café na ICE US mexeu, novamente, com os ânimos do mercado, assustando os vendedores e distanciando as pontas. Ele indica que, depois do tombo em outubro e novembro, o mercado internacional de café buscava acomodação. Indicava suporte acima de 150 cents e resistência em torno da 170 cents para o arábica negociado em NY. Porém, a bebida acabou perdendo a linha de 150 cents, o que trouxe forte pressão negativa e a busca de um novo patamar de atuação na bolsa nova-iorquina, comenta.
Ele avalia que o gatilho de baixa foi técnico e está atrelado à perda do importante suporte de 150 cents, desencadeando novas ordens de venda e fôlego adicional ao movimento negativo. “Mas o tom negativo do mercado também encontrou eco no clima favorável no Brasil nesse início de 2023. As chuvas, favoráveis à granação, ajudam a ratificar a visão positiva para a safra BR-23 de arábica”, aponta o consultor.
Outro fator de influência foi o crescimento recente dos estoques certificados de café na bolsa de NY, que somam 845 mil sacas. “Um volume ainda baixo comparado a outros momentos, porém a rápida ascensão traz uma leitura de gradual retorno da normalidade. E, claro, isso reforça a pressão negativa contra os preços”, indica.
Além disso, Barabach coloca que há o avanço da oferta de café de Centrais e Colômbia, que trazem mais tranquilidade ao abastecimento. “A demanda continua curta e compassada, adotando um comportamento de cautela diante da preocupação com o cenário macroeconômico mundial, especialmente na Europa. Essa composição favorece a inclinação negativa na curva de preço”, diz.
Para o consultor, o principal ponto de atenção é o tamanho da safra brasileira 2023. “Entre operadores de bolsa e tradings prevalece a ideia desenhada a partir das floradas do ano passado, que a próxima safra de café arábica do Brasil será cheia. Isso quer dizer que o potencial produtivo do arábica é maior que aquele colhido em 2021 e 2022, anos de baixa produção”, analisa.
A ideia preliminar é que a safra gire em torno de 43 a 45 milhões de sacas. Embora maior que as 34 a 35 milhões projetada em 2021, ainda assim, abaixo do recorde de 50 milhões de 2020. Já a indicação para o conilon é de estabilidade ao redor de 22 a 23 milhões de sacas. Assim, a produção de café ficaria em torno de 65 a 68 milhões de sacas. “Essa leitura sobre o potencial da safra é reforçada pelo clima favorável e explica a trajetória dos preços do café na bolsa de NY”, comenta.
Em NY, no balanço entre as quintas-feiras (05 e 12 de janeiro), o arábica para março acumulou baixa de 6,9%, caindo de 160,55 centavos de dólar por libra-peso para 149,40 centavos.
O mercado brasileiro de café, além da baixa em NY, ainda teve lidar com um dólar em queda também na semana. Só não caiu mais pela entressafra e resistência do vendedor. Assim, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais na base de compra caiu de R$ 990,00 a saca para R$ 950,00, queda de 4%.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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