Preços do café sobem bem em NY e no Brasil com oferta limitada

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     Porto Alegre, 17 de fevereiro de 2023 – O mercado internacional de café teve uma semana de preços em elevação. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o arábica, as cotações superaram a linha de US$ 1,80 a libra-peso, e nesta sexta-feira, até o momento os preços voltam a avançar com força se aproximando de US$ 1,90 no contrato maio. No Brasil, os preços também melhoram ao produtor, embora siga muito cadenciada a comercialização, como mostram levantamentos de SAFRAS & Mercado.

     Em NY, depois das cotações caírem a uma mínima de US$ 1,43 a libra-peso em 11 de janeiro, o mercado passou por uma excelente recuperação. Houve fatores externos, como otimismo em relação à saída de problemas de inflação e recessão globais, dólar fraco em muitos momentos e outras commodities também avançando. Mas, os fundamentos também contribuíram. O período agora é de aperto na oferta no curto prazo, com a entressafra no Brasil.

     Os produtores brasileiros estão retendo a oferta, mostram-se capitalizados, e aguardando por um cenário melhor nos preços até a colheita da safra nova 2023, que ocorre a partir de abril/maio. As exportações estão em um ritmo mais moderado no país e em NY o mercado diante desse aperto voltou a ficar “invertido”, com os contratos mais próximos mais valorizados que os mais distantes.

     Além disso, traders indicaram preocupações de que a produção brasileira em 2023 pode não ser tão grande quanto o imaginado. Chuvas excessivas em Minas Gerais preocupam, atrapalham os tratos culturais e podem também prejudicar a qualidade da safra. Ainda são especulações, muito mais do que certezas em torno das consequências do momento no clima.

     Os estoques certificados na Bolsa de NY passaram a cair, mostrando novamente esse quadro de uma maior dificuldade na obtenção da oferta, aspecto altista.

Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o fator que serviu de impulso ao café é a retranca vendedora, traduzida em diferenciais muito firmes no FOB exportação, especialmente no Brasil. “A menor disponibilidade física, com avanço da entressafra de uma temporada com produção abaixo da esperada, associado à postura curta dos vendedores, justifica esse comportamento das bases de venda externa.

Em NY a leitura inicial é que houve um exagero nas perdas, que levou o café a flertar com a linha de 140 cents”, comenta. Assim, era necessário a correção de alta, que embalada por um financeiro melhor e um fundamental positivo de curto prazo acabou dando intensidade aos ganhos. “Porém, ainda é um movimento corretivo e com fôlego curto, não se tratando, por enquanto, de uma mudança de tendência”, adverte, com o mercado podendo voltar a ser pressionado com a chegada da safra brasileira adiante.

No balanço da semana em NY, o contrato maio do arábica subiu de 173,70 para 180,25 centavos de dólar por libra-peso no comparativo dos fechamentos das quintas-feiras 09 e 16 de fevereiro, alta de 3,8%. Em Londres, o robusta para maio no mesmo comparativo subiu 2%.

No mercado físico brasileiro, os produtores seguem retendo a oferta, o ritmo é moroso nos negócios e os compradores tentam defender-se adquirindo volumes necessários para o curto prazo. No balanço semanal entre 09 e 16 de fevereiro, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu de R$ 1.100,00 para R$ 1.140,00 a saca na base compradora, alta de 3,6. O conilon tipo 7 em Vitória/Espírito Santo ficou estável no comparativo, em R$ 700,00 a saca.

Comercialização

     Levantamento de SAFRAS & Mercado apontou que a comercialização da safra brasileira de café 2022/23 até o último dia 15 de fevereiro alcançou 78% da produção, contra 75% do mês anterior. O percentual de vendas é bem inferior a igual período do ano passado, quando girava em torno de 86% da safra. E o fluxo de vendas também está abaixo dos últimos anos na média para o período (81%).

     Já as vendas antecipadas da safra brasileira de café 2023/24, que será colhida a partir de abril/maio, estão em apenas 17% do total esperado a ser produzido. O percentual de vendas é muito inferior a igual período do ano passado, quando estava em cerca de 27% da safra.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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