Porto Alegre, 17 de abril de 2025 – Após registrar uma boa movimentação na semana anterior, o mercado brasileiro de soja perdeu ritmo nesta mais curta, devido ao feriado de sexta e da segunda. Bem capitalizados, os produtores saíram do mercado, aguardando por condições melhores para voltar a negociar.
Os contratos futuros de Chicago recuaram e o dólar permaneceu estabilizado na casa de R$ 5,85/5,90. Os prêmios cederam. Mas as cotações, diante da entrada da safra brasileira e em meio as incertezas sobre a guerra comercial entre China e Estados Unidos, ainda são remuneradoras ao produtor.
Os preços operaram de forma mista, com Chicago e o dólar em direções opostas na maior parte da semana, enquanto os prêmios ficaram entre estáveis e levemente mais fracos. Segundo o consultor de Safras & Mercado, Rafael Silveira, apesar dos preços atuais ainda serem considerados atrativos, o spread pedido pelo vendedor aumentou. “O produtor, atento ao conflito comercial, tem adotado uma postura mais cautelosa. Após ter aproveitado boas oportunidades de venda nas últimas semanas, agora prefere segurar esperando preços mais firmes”, aponta.
Em Passo Fundo (RS), a saca de 60 quilos se manteve em R$ 132,00. Em Santa Rosa (RS), a cotação permaneceu em R$ 133,00. No Porto de Rio Grande, o preço está em R$ 138,00.
Em Cascavel (PR), a saca permaneceu em R$ 131,00. No porto de Paranaguá (PR), o preço ficou estável em R$ 137,00. Em Rondonópolis (MT), o valor da saca está em R$ 119,00. Em Dourados (MS), o preço é de R$ 123,00 a saca. Já em Rio Verde (GO), a saca está cotada a R$ 119,00.
Guerra comercial
A guerra comercial deflagrada por Donald Trump é muito benéfica ao Brasil. A afirmação foi dada pelo analista e consultor de Safras & Mercado, Rafael Silveira, durante palestra realizada no 9º Safras Agri Week. “A disputa tarifária está trazendo muitas oportunidades para a soja brasileira”, relata.
Conforme Silveira, o Brasil teve uma recuperação na produção de soja na safra 2024/25, podendo passar de 170 milhões de toneladas. “Tivemos avanços importantes de produtividade, como em Mato Grosso”, exemplifica. “Somente no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso do Sul tivemos problemas maiores”, acrescenta.
Em relação aos preços, o atual patamar doméstico está “relativamente caro mesmo”, conforme Silveira. E pode subir mais, caso o produtor dos Estados Unidos reduza ainda mais a área.
Para farelo e óleo, a tensão internacional está trazendo poucas variações nas cotações. “Quase com a finalização da colheita no Brasil, o preço não despencou, como de costume”, adverte o analista e consultor Gabriel Viana. “A margem de esmagamento vai determinar os valores de farelo e óleo daqui para frente”, comenta.
Na Argentina, segundo o consultor Agustin Geier, a colheita de soja está começando. “Tivemos um pouco de atraso por causa das chuvas”, explica. Sobre a disputa comercial internacional, ele espera que haja muita volatilidade nas cotações e que o produtor deva aproveitar as oportunidades. “Com a entrada forte da soja argentina e brasileira em maio, o preço deve recuar”, aposta.
Dylan Della Pasqua e Rodrigo Ramos / Safras News
Copyright 2025 – Grupo CMA