Porto Alegre, 30 de dezembro de 2022 – Se em 2022 o mercado internacional de açúcar alcançou patamares históricos, subindo com força nos últimos meses do ano, pelo menos o início de 2023 deve ser marcado por preços mais baixos para a commodity.
Na Bolsa de Nova York (Ice Futures US), o primeiro contrato do açúcar bruto — com vencimento em março de 2023 — foi alçado para 21,18 centavos de dólar por libra-peso na sessão do dia 23 de dezembro, patamar mais alto em quase seis anos, em meio a sinalizações de aperto na oferta de curto prazo, o que fez especuladores aumentarem suas posições compradas em açúcar.
O analista da consultoria SAFRAS & Mercado, Maurício Muruci, alerta que as primeiras semanas de janeiro tendem a ter uma presença vendedora mais forte por parte de usinas e exportadoras indianas no mercado futuro de açúcar, que deverão desmontar suas posições compradas dentro de uma estratégia já esperada de formação de hedge. “Este movimento deve acontecer em janeiro, quando o governo da Índia anunciará os volumes extras, além da cota de exportação da temporada atual”, disse.
Já no Brasil, o Centro-Sul, principal região canavieira do país, estará em janeiro no auge das chuvas da temporada, que deverão ter volumes entre 260 a 300 milímetros, com as maiores concentrações no norte de São Paulo e no sul de Minas Gerais.
“Assim, ficará mais clara a percepção no mercado de que a safra 2023/24 deverá ter um volume maior de cana que o registrado na temporada corrente, 2022/23”, enfatizou Muruci.
As estimativas da Consultoria SAFRAS & Mercado apontam que a moagem de cana deve crescer de 545 milhões de toneladas em 2022/23 para 565 milhões de toneladas em 2023/24 (abril-maio), ampliando a oferta de cana principalmente para a produção de açúcar.
USDA estima superávit global de oferta de 6,8 mi t para 2022/23
A produção global de açúcar deverá crescer para 183,150 milhões de toneladas na temporada 2022/23, ante 180,348 milhões de toneladas em 2021/22, ou 1,55%, conforme estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
O USDA projeta que a demanda global do adoçante totalizará 176,374 milhões de toneladas em 2022/23, ante as 173,240 milhões de toneladas apontadas para 2021/22 (alta de 1,8%).
Assim, o mercado internacional de açúcar terá que lidar com um excedente de oferta de 6,776 milhões de toneladas em 2022/23, após superávit de 7,108 milhões de toneladas em 2021/22.
Conforme o USDA consumo global de açúcar vai alcançar um novo recorde em 2022/23, puxado por crescimentos na demanda em países como a China, Indonésia e Rússia.
Do lado da produção, o crescimento de 2,8 milhões de toneladas projetado para o mundo em 2022/23 é esperado a partir da alta na produção da Brasil, China e Rússia, que mais do que compensará quedas na Índia, Ucrânia e União Europeia.
A produção brasileira deve aumentar 2,6 milhões de toneladas, para 38,1 milhões de toneladas, diante de melhora na produtividade agrícola dos canaviais a partir de um clima mais favorável. O mix produtivo deve permanecer inalterado, em 45% açúcar e 55% etanol.
Na Índia, a produção de açúcar deverá cair 3%, para 35,8 milhões de toneladas em 2022/23, por conta de queda na produtividade da cana. Na União Europeia, a produção estimada para 2022/23 é de 16,2 milhões de toneladas, 329 mil toneladas a menos que no ano anterior, uma vez que os produtores reduziram a área cultivada com beterraba em favor de culturas mais rentáveis, como o milho e o girassol.
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Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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