Setor de frango precisará de ajustes produtivos em 2023

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Porto Alegre, 30 de dezembro de 2022 – A avicultura de corte brasileira deve iniciar o próximo ano com alguns desafios. Para o analista de SAFRAS & Mercado, Fernando Iglesias, entre as principais necessidades está um ajuste produtivo. Em meio a um cenário de custos elevados, que trouxeram uma grande deterioração da margem operacional neste final de ano, é preciso adotar um corte nos alojamentos de pintos de corte. “Está é a única alternativa viável para manter o setor de frango lucrativo. Caso contrário, os prejuízos seguirão presentes, como foi evidenciado no último trimestre de 2022”, avalia.

Iglesias ressalta que o abastecimento de milho será novamente desafiador ao longo do primeiro semestre, mantendo os preços em patamares elevados. Também há uma perspectiva de um arrefecimento na demanda doméstica por carne de frango, uma vez que deverá ser observado um avanço na oferta de carne bovina, o que deve levar grande parte da população a retomar o consumo para sua proteína de preferência. “Assim, o avanço da disponibilidade de carne bovina afetará a formação de preços das proteínas concorrentes, com a carne de frango e a suína”, argumenta.

A expectativa é de que o Brasil mantenha a liderança global das exportações de carne de frango com alguma tranquilidade ao longo de 2023, por sua vantagem frente a outros países com relação à influenza aviária. Os Estados Unidos até devem apresentar avanços em sua produção. No entanto, a influenza aviária limitará esse crescimento e fará com que a produção do país fique concentrada em atender a robusta demanda doméstica. “A Europa conta com recuo produtivo em meio ao avanço da doença. Além disso, não há garantias da manutenção da Ucrânia no mercado internacional, com um conflito de grande imprevisibilidade junto à Rússia, que já se arrasta há quase um ano”, sinaliza.

A grande ressalva, contudo, de acordo com Iglesias, é de que pode haver mudança em termos de demanda para a carne de frango brasileira por parte da China. “O país deverá seguir absorvendo bons volumes de carne de frango em 2023, mas não deve repetir os números registrados ao longo deste ano, uma vez que tem feito investimentos para ampliar sua produção doméstica”, explica.

Segundo projeções de SAFRAS & Mercado, o Brasil poderá exportar 4,8 milhões de toneladas de carne de frango no próximo ano, com um crescimento de 2,8% na comparação com o ano corrente. Em relação a produção, deve haver um crescimento de 1,2% frente a este ano, alcançando um volume de 14,54 milhões de toneladas. “Já a oferta interna deve chegar a 9,728 milhões de toneladas, com um aumento de 0,4% frente ao volume ofertado no cenário doméstico neste ano”, finaliza.

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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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