Mercado de café deve ter um 2023 desafiador e de volatilidades amplas

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     Porto Alegre, 30 de dezembro de 2022 – Desafiador e de amplas volatilidades previstas. Assim é a perspectiva, em linhas gerais, do mercado internacional do café em 2023. Tanto no Brasil quanto globalmente, o cenário financeiro e fundamental traz a tendência de um mercado que terá bastante oscilações nos preços novamente. A Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o café arábica e os preços ao produtor no país devem ter altos e baixos à mercê das questões político-econômica mundiais e às relações de oferta e demanda do grão.

      Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, teremos um 2023 “desafiador” no Brasil, com novo governo, volatilidade no câmbio, com um quadro de enfrentamento de inflação e recessão não só no Brasil como no mundo e com fundamentos a serem cuidadosamente observados.

     O principal fundamental no lado da produção de café é, como sempre, o quanto efetivamente o Brasil vai colher em 2023. Após uma colheita abaixo das expectativas em 2022 (tivemos geadas e seca em 2021), a promessa é de uma boa safra brasileira em 2023. O clima no geral está favorável, apesar de relatos de pós-floradas desapontadores em algumas regiões e de granizos atingindo pontualmente lavouras. Mas, Barabach relata que os próximos meses são decisivos. É preciso chover bem nesse período da granação para a confirmação de uma safra boa.

    E assim o mercado abre o ano na dependência dessa confirmação de uma grande safra brasileira. Se assim for, o mercado terá uma certa “folga” na oferta em relação à demanda, e isso dificulta reações nos preços. Com uma ampla produção no país, é difícil vermos na Bolsa de NY uma cotação rompendo as amarras atuais e chegando novamente mais próximo de US$ 2 a libra-peso.

     Para se ter uma abordagem mais otimista dos preços, afora algum problema no lado da oferta, o mercado teria de superar questões no cenário financeiro global também, que complicam as perspectivas de uma maior demanda pelo café. Mundialmente os países enfrentam um quadro de inflação e de tentativa de governos de frear preços com aumento de juros. Isso traz um panorama recessivo, travando as economias trava-se o consumo. E as commodities agrícolas precisam de demanda para os preços reagirem. Dessa forma, temos um mercado de café que pode sofrer para alçar as cotações a níveis mais altos não só pela oferta boa que deve vir se for ratificada uma boa safra brasileira, mas também por uma demanda que pode não crescer tanto.

     Afora isso, ainda temos uma guerra em curso e a pandemia ainda se manifesta. Com recessão, guerra e pandemia, as bolsas de valores e de commodities são afetadas. Os fundos e especuladores fogem de ativos de maior risco (como as commodities agrícolas), e se refugiam em aplicações mais seguras. Naturalmente isso pressiona para baixo o café nas bolsas de futuros e também afeta as cotações ao produtor no Brasil.

     Barabach comenta que tanto no lado financeiro quanto no fundamental, o momento é de transição. No financeiro temos no Brasil novo governo e no mundo a luta dos governos para conter a inflação. No fundamental chega adiante uma nova safra brasileira. “Volatilidades são naturalmente previstas”, ressalta Barabach. E isso será visto na Bolsa de NY no café e no dólar também, os dois formadores de preço do grão no Brasil.

     Diante disso, Barabach recomenda cautela ao produtor. “Ele deve continuar monitorando os sinais no mercado e aproveitar repiques nos preços para se posicionar”, comenta.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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