Março termina com reação nos preços internacionais do algodão

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Porto Alegre, 31 de março de 2023 – O mercado internacional de algodão manteve-se extremamente volátil em março. Houve pressão sobre as cotações em grande parte do mês, com a Bolsa de Nova York (ICE Futures US) no contrato maio registrando no dia 24 de março a mínima de 75,70 centavos de dólar por libra-peso, que é a cotação mais baixa registrada desde 02 de novembro do ano passado. Mas, o mês foi encerrado com uma reação nas cotações.

A instabilidade financeira global tem mexido muito com o algodão, com os altos e baixos das bolsas de valores, oscilações do petróleo e do dólar. Os temores envolvendo o setor bancário, a inflação e os temores de recessão global, com bancos centrais elevando taxas de juros, o que pode afetar a demanda pelos produtos, entre eles o algodão, pesam sobre os preços. Ao mesmo tempo em que reações e dias de maior otimismo promovem recuperação nos preços internacionais da pluma.

O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, destacou que o algodão ao longo do mês teve dificuldade de se recuperar das perdas e seguiu dentro de campo negativo na ICE US durante a maior parte do tempo. “As incertezas financeiras ainda refletem sobre os cenários de consumo e inibem as investidas de alta do algodão na bolsa novaiorquina”, comentou.

Os sinais de recuperação na produção, mas principalmente a demanda mais fraca, ajudam a pressionar o algodão do lado fundamental, avaliou o consultor. Ele ressalta que o último relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou queda de 5% no consumo global de algodão na atual temporada. “A desaceleração da economia e a queda no poder aquisitivo dos consumidores explicam o ritmo mais lento nas compras de algodão. Já a agitação financeira, elevando a incerteza nos mercados, ajudou a travar ainda mais o fluxo de compra dentro das cadeias têxteis, reforçando o impactando negativo sobre o algodão”, indica o consultor.

O fato é que o dinheiro mais caro, por conta dos juros altos, e os estoques confortáveis junto às principais varejistas, tem tirado demanda do setor têxtil e resultando em um perfil mais lento nas compras da fibra, salienta Barabach.

Foi importante, porém, o mercado ter mantido o suporte em 75 cents. “A perda dessa importante referência reforçaria a inclinação negativa, facilitando o traçado em direção ao patamar de 70 cents em NY”, comentou.

A reação e altas nos preços do petróleo mais para o final de março e o enfraquecimento do dólar promoveram uma reação nos preços do algodão em NY. Vale lembrar que o algodão tem a concorrência das fibras sintéticas derivadas do petróleo. Na alta, NY recuperou a importante linha de 80 centavos.

No mercado físico brasileiro, os preços do algodão seguem sentindo os efeitos da demanda pouco ativa, tanto da indústria nacional, quanto dos compradores estrangeiros. O dólar comercial, voltando a operar abaixo da linha de R$ 5,10 acaba anulando os efeitos da recente recuperação de Nova York.

Com isso, mesmo num momento de entressafra nacional, as cotações seguem enfraquecidas. No CIF de São Paulo a fibra fechou esta quinta-feira, dia 30, cotada a R$ 4,74/libra-peso, acumulando perdas de 9,52% e de 34,03% em relação ao mesmo período do mês e do ano passado, respectivamente. Em Rondonópolis, no Mato Grosso, o preço da pluma gira em torno de R$ 4,60 por libra-peso, valor 0,72% inferior ao da semana passada.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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