Chegada da safra brasileira derruba preços do café em março

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     Porto Alegre, 31 de março de 2023 – O mercado internacional de café teve um mês de março de cotações em queda, especialmente para o arábica. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização da commodity, o contrato maio rompeu para baixo, ao final do mês, a linha de US$ 1,70 a libra-peso. O mercado sente o começo da colheita no Brasil, que traz uma pressão sazonal sobre as cotações diante da entrada da safra do maior país produtor e exportador mundial.

“Demanda curta e início da colheita no Brasil jogam contra os preços do café na bolsa nova-iorquina. É verdade que a colheita está ainda bem no início e concentrada no conilon”, aponta o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach. Ele comenta ainda que o excesso de chuva atrasou a maturação no Espírito Santo e Bahia e interrompeu os trabalhos com o conilon em Rondônia. Já a colheita de arábica só deve ganhar corpo a partir de maio. Em todo caso, o mês de abril já se caracteriza como um período de safra no Brasil, lembra.  

Outro ponto importante, destaca Barabach, é a melhora nos embarques brasileiros de café ao longo do mês de março, depois do forte recuo em fevereiro. As emissões de certificados de embarque já alcançam 2,67 milhões de sacas, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), com um avanço de 21% na comparação com igual período de fevereiro. “E isso potencializa embarques acima de 3 milhões de sacas em março, o que traz mais tranquilidade ao quadro de abastecimento e joga contra os preços”, avalia.

No lado da demanda, analisa Barabach, o comprador vem encurtando suas posições e alongando estoques à espera do efeito sazonal da chegada da safra brasileira. A volatilidade financeira, a economia mais fraca e os custos mais elevados justificam esse comportamento. “A estratégia do comprador é trabalhar com estoque na mão do produtor. Os juros altos tornam a armazenagem muito onerosa, o que leva a indústria a seguir se posicionando da mão para boca a despeito dos riscos logísticos. A expectativa de safra cheia no Brasil ajuda a validar esta estratégia”, ressalta o consultor.

Já o café robusta na ICE Europa ganhou valor em relação ao arábica, encontrando sustentação na pouca oferta disponível no Vietnã e indicações de quebra na Indonésia, observa Barabach. “É bom lembrar que a Indonésia inicia o ciclo comercial 23/24 no próximo mês de abril. Assim, a arbitragem entre NY/Londres caiu para 71 cents com robusta voltando a recuperar valor frente ao arábica”, comenta.

    No balanço de março em NY, o contrato maio do arábica caiu de 186,30 centavos ao final de fevereiro para 169,80 centavos neste dia 30, acumulando baixa de 8,9%. Em Londres, o robusta para maio no mesmo comparativo subiu 3,55%.

    No mercado físico brasileiro, março também foi de quedas nos preços e ritmo lento na comercialização. O produtor segura a oferta dentro do possível, enquanto o comprador naturalmente espera maior pressão com a chegada da safra. Assim, as negociações ocorrem pontualmente de acordo com a necessidade de caixa do produtor e de oferta do comprador.

No balanço de março, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu de R$ 1.160,00 para R$ 1.055,00 a saca, acumulando desvalorização de 9,0%. O conilon tipo 7 em Vitória/Espírito Santo recuou em março na base de compra 6,5%, terminando o dia 30 em R$ 645,00 a saca.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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