São Paulo, 4 de julho de 2025 – A Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aponta que a grande maioria dos entrevistados (76,2%) avaliou como adequada a decisão do Copom de pausar o ciclo de alta da Selic, após alta de 0,25 pp na última reunião. O restante (23,8%) entende que a elevação da taxa poderia ter sido evitada.
As projeções para a inflação em 2025 seguem elevadas, mas já há sinais de percepção de alguma melhora no cenário inflacionário de curto prazo, revela a pesquisa. O resultado do levantamento, feito com 21 bancos entre 25 e 30 de junho, mostra que se reduziu de 77,3% para 71,4% aqueles que esperam que o IPCA fique entre 5,0% e 5,5%. Enquanto isso, os demais entrevistados (28,6%) esperam uma inflação abaixo de 5,0% no final do ano, e não acima, como no levantamento de maio.
Ao mesmo tempo, a maior parte dos analistas consultados (61,9%) espera que o início do ciclo de flexibilização monetária comece no primeiro trimestre de 2026, na medida em que as projeções de inflação do Banco Central se aproximarem de 3,0% no horizonte relevante da política monetária. Dessa forma, a mediana captada pela Pesquisa projeta manutenção da taxa Selic em 15,00% ao ano até o fim de 2025, com uma redução de 0,25 pp, para 14,75% aa, na primeira reunião de 2026.
A pesquisa, realizada sempre após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), aponta ainda que o crédito deverá crescer 8,7% em 2025, pouco acima dos 8,5% do levantamento anterior. Esse resultado mostra certa estabilidade ante as estimativas anteriores e mantém a perspectiva de alguma desaceleração do crescimento do crédito ao longo deste ano, considerando que, segundo o BC, a alta anual registrada em maio foi de 11,8%.
A revisão mais relevante no comportamento do crédito ocorreu no crédito para pessoas jurídicas (PJ) com recursos direcionados, cuja expansão projetada passou de 9,1% para 10,1%. Isso reflete especialmente o efeito dos programas públicos de crédito (PEAC-FGI, , que levaram a uma alta relevante da carteira no primeiro semestre. No crédito direcionado para pessoas físicas (PF), a expansão esperada também teve leve crescimento, para 9,1% (ante 8,9%). Com isso, a projeção de alta da carteira de crédito direcionado ficou em 9,3% (ante 9,1%).
Já a expectativa de crescimento da carteira com recursos livres atingiu 8,2% (ante 8,1%), puxada pela expectativa de expansão do crédito destinado às famílias (9,5%, ante 9,1%). Os recursos destinados às pessoas físicas têm mostrado resiliência em um cenário marcado pelo mercado de trabalho ainda aquecido. A alta foi parcialmente compensada por uma queda no desempenho esperado para o crédito livre destinado às empresas (6,1%, ante 6,4%), que tem apresentado menor dinamismo, diante da concorrência enfrentada com as operações direcionadas e o mercado de capitais.
A pesquisa aponta que os bancos estão reajustando ligeiramente para cima as projeções de crescimento do crédito neste ano, diante do bom desempenho registrado pelo segmento neste primeiro semestre. A revisão foi mais intensa na Carteira PJ com recursos direcionados, onde tivemos números bastante fortes neste início de ano, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
De todo modo, ainda se espera alguma desaceleração do crédito no 2º semestre, diante do grau bastante restritivo em que política monetária se encontra, que tende a afetar com mais intensidade a carteira com recursos livres., complementa Sardenberg.
Inadimplência
A trajetória da taxa de inadimplência se mantém como um ponto de atenção. A projeção do indicador para a carteira com recursos livres atingiu 5,0% (ante 4,7% na pesquisa anterior), praticamente o mesmo patamar estimado para 2026 (4,9%). Em maio, o Banco Central reportou que a inadimplência da carteira livre foi de 4,9%, indicando a expectativa de alguma estabilidade a partir de então.
Crédito 2026
A pesquisa também captou alta na expansão projetada para o crédito em 2026, que passou de 7,6% para 7,9%. Na comparação com a pesquisa anterior, a revisão positiva foi observada tanto na carteira livre (de 7,1% para 7,5%), como direcionada (de 8,5% para 8,7%).
PIB
As projeções permanecem divididas. Para 42,9%, o PIB deve crescer em torno de 2,2% no ano, em linha com o consenso atual. Os demais se dividem igualmente (28,6%) entre os que esperam um desempenho superior ou inferior ao consenso, indicando ausência de um viés claro nas atuais projeções de PIB do mercado.
EUA
Quanto à política monetária dos EUA, 52,4% dos participantes acreditam que o Fed deve realizar dois cortes de 0,25 pp até o fim de 2025, em resposta à desaceleração da atividade. Para 38,1%, o Fed deve realizar apenas um corte desta mesma magnitude no ano.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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