Maio de colheita do café no Brasil, terminando com altas em NY

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     Porto Alegre, 03 de junho de 2022 – O mês de maio voltou a ser de intensa volatilidade no mercado internacional de café. A Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o arábica, que baliza a comercialização, teve fortes baixas e fortes altas ao longo do período, terminando maio com movimento de valorização.

     No Brasil, a evolução da colheita, ainda em uma fase inicial, marcou maio. As cotações no país foram pressionadas pela evolução da colheita e queda do dólar, com o movimento positivo de NY dando suporte aos preços do arábica. Já o conilon desceu a “ladeira” em seus valores.

     NY na mínima de maio bateu nos patamares mais baixos em 6 meses no dia 10 de maio, quase rompendo a linha de US$ 2,00 a libra-peso, em 202,30 centavos de dólar por libra-peso. O café era então bem pressionando pela aversão ao risco nos mercados, com lockdowns na China, guerra na Ucrânia e temores dos efeitos disso na economia global. Isso pesou sobre o café, além da chegada da safra brasileira nos fundamentos.

     Mas NY passou a reagir. Além dos fatores financeiros, com variação do petróleo, do dólar mais baixo contra o real e outras moedas e menor aversão ao risco, temores de geadas no Brasil com a chegada das primeiras massas de ar polar garantiram sustentação às cotações, com proteção de fundos e especuladores ao risco climático.

     O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, indicou que o café emendou uma sequência de altas a partir do final de maio, com ganhos atrelados ao cenário mais favorável às commodities, a partir de sinais positivos na China, com flexibilização de lockdowns e indicativo de melhora na atividade. O índice de commodities CRB foi acima de 320 pontos e o petróleo gira em torno de US$ 112 o barril. “O café pegou carona nesse ambiente para subir. E o rompimento da resistência de 230 cents deu impulso técnico aos ganhos. Já o recente recuo do dólar, especialmente frente ao real, serviu de adicional financeiro para alta no preço do café no mercado mundial”, comentou.

     No lado fundamental, observa Barabach, o mercado monitora a chegada da safra brasileira. “A colheita está atrasada e a disponibilidade de arábica continua baixa, em especial das bebidas melhores. Já a queda na produção da Colômbia nos últimos meses gera preocupação, devendo levar a uma revisão para baixo na projeção de safra da principal origem de suave na atual temporada”, avalia.

     Ele indica que o fato é que os fundos voltaram a ponta compradora, o que ajudou a dar liquidez ao movimento de alta. “E esses movimentos financeiros deixam o café está mais sensível ao comportamento de outros mercados. Já os estoques baixos e os riscos climáticos, especialmente com o inverno brasileiro, devem continuar fazendo sombra, especialmente ao longo dos próximos 2 meses, o que deve ajudar a manter os fundos na defensiva”, acredita. Em todo caso, ele segue, “o mercado tende a perder força à medida que a safra brasileira, particularmente de arábica, ganhe mais visibilidade. Nesse caso, atenção àa postura do produtor e à dinâmica de compras externa”, indica.

     No balanço mensal na Bolsa de NY, o arábica para julho no acumulado de maio teve alta de 4,1%, subindo de 222,10 centavos de dólar por libra-peso ao final de abril para 231,25 centavos ao final de maio. Na Bolsa de Londres, o robusta para julho ficou praticamente estável no balanço de maio.

     No mercado físico brasileiro de café, as cotações do arábica foram sustentadas pela subida de NY, mas pressionadas pela baixa do dólar. A moeda americana no comercial caiu 3,8% em maio. No balanço de maio, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, subiu de R$ 1.250,00 para R$ 1.270,00 a saca na base de compra, alta de 1,6%.

     Já o caso do conilon segue pressionado pelo avanço da colheita e postura mais curta da indústria doméstica, que adia posições apostando na pressão sazonal de safra e continuidade na baixa dos preços, como avalia o consultor Barabach. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, caiu 11,8% em maio, baixando de R$ 805,00 para R$ 710,00 a saca.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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