São Paulo, 12 de março de 2025 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira a Medida Provisória que cria a linha do consignado “Crédito do Trabalhador”, em evento realizado no Palácio do Planalto, em Brasília. A MP foi encaminhada ao Congresso. Com ela, profissionais do setor privado poderão usar a Carteira de Trabalho Digital para ter acesso a empréstimos mais baratos com garantia do FGTS. A medida mira 47 milhões de trabalhadores com carteira assinada, incluindo cerca de 2,2 milhões de trabalhadores domésticos, 4 milhões de trabalhadores rurais com carteira assinada e MEIs. Estima-se que, em 4 anos, sejam disponibilizados mais de R$ 180 bilhões.
Ao iniciar o discurso, o presidente destacou a presença da recém empossada ministra das Relações Institucionais: “Hoje a nossa querida Gleisi Hoffmann está fazendo a estreia dela como autoridade ministerial.”
Para Lula, o dia de hoje pode passar como “um marco da política de crédito do sistema brasileiro”, em referência ao programa Crédito do Trabalhador. “Jamais, em nenhum momento da história, fizemos uma política de crédito que pudesse colocar em pouco espaço de tempo tanto dinheiro em circulação.”
“Muito dinheiro na mão de poucos continua sendo miséria. E pouco dinheiro na mão de muitos, significa distribuição de renda, de riquezas e participação do conjunto da sociedade no desenvolvimento do país. Não há nada mais milagroso para uma economia do que o dinheiro circular na mão de todos”, discursou o presidente.
O presidente Lula disse que “há muitos alimentos que se perdem na produção” e também nas prateleiras — estes não chegam à mesa porque os trabalhadores não têm poder de compra.
Para o presidente, “a humanidade nasceu para viver em comunidade e não para pregar ódio pelo celular”. “Precisamos trabalhar pela inclusão social.”
Lula também disse que apesar do aumento da bancarização, muitas pessoas ainda não têm acesso ao crédito e pediu que os gerentes das agências deem atenção especial ao público mais carente que poderá acessar os bancos com o programa de crédito mais barato.
“Minha geração não podia nem sonhar em entrar num banco para obter crédito. As pessoas pobres têm até vergonha de entrar num banco.”
Em relação à MP do Crédito do Trabalhador, o presidente ressaltou que o programa só vai começar em 21 de março. “É importante dizer que o que estamos anunciando aqui só vai começar a valer a partir do dia 21.”
Lula disse que “dizem que ele só pensa em consumo”, mas que o empresário não investe se não tiver consumo.
O presidente disse que o governo não está fazendo uma política para as pessoas se endividarem. “Queremos facilitar o acesso ao crédito para que o trabalhador consiga resolver seus problemas, para ter crédito com juros menores, pagarem suas dívidas e deixar de pagar dinheiro com agiota.”
Lula também fez um aceno de apoio ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em resposta às acusações de que ele está sendo atacado internamente por outros ministros e pelo próprio presidente.
“Eu tenho a felicidade de ter o Haddad como ministro da Fazenda. Ele nem sempre é feliz quando pega no microfone, eu falo para ele passar um pouco de charme. Mas fez 24 ações importantes em dois anos de governo. Mudanças na política econômica levam tempo para dar resultado.”
“A primeira coisa que ele fez foi a PEC da transição. Começamos a governar antes de tomar posse. Depois, ele conseguiu aprovar o arcabouço fiscal e a Reforma Tributária, com o apoio da Câmara e do Senado”, discursou.
Lula disse que trouxe os presidentes do Senado e da Câmara para mostrar que o governo não está distante do Congresso e que “eles estão juntos para melhorar a vida dos brasileiros”.
O presidente também defendeu a seriedade do governo e das medidas que estão sendo anunciadas em meio à queda de popularidade mostrada em pesquisas.
“Eu espero que vocês nunca tenham dúvida da seriedade desse governo. Todo mundo tem um compromisso sério na sua história. Quando o governo acabar, eu não tenho espaço para voltar para Paris, para escrever um livro em Londres. Eu vou voltar para o meu apartamento e estar junto da classe trabalhadora.”
Lula disse que foi presidente duas vezes e conhece ministros que “hoje dão palpite, mas que, quando governaram, o país tinha inflação alta”.
“Vamos terminar esse governo com o Haddad passando para a história como o melhor ministro da Fazenda que esse país já teve. Vocês acham que eu seria louco de voltar a ser presidente pior do que eu já fui? Eu tenho um compromisso com a soberania desse país e com o povo brasileiro. O maior legado que vamos deixar é o povo brasileiro conquistando sua cidadania.”
Crédito mais barato ao trabalhador estará disponível a partir de segunda-feira, 21 de março
Em discurso na cerimônia de assinatura da Medida Provisória (MP) que cria a linha do consignado direcionada aos trabalhadores da iniciativa privada, batizada de Crédito do Trabalhador, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que o crédito mais barato ao trabalhador estará disponível a partir de segunda-feira, 21 de março, a partir da carteira de trabalho digital.
Segundo o ministro, o crédito mais barato estará disponível aos trabalhadores assalariados registrados em carteira e poderá ser ofertado pelos bancos a partir de suas plataformas a partir de 25 de abril.
“O trabalhador poderá escolher a oferta com a menor taxa disponível e o trabalhador com linha de crédito contratada também poderá pagar menos do que paga atualmente”, afirmou Marinho.
O governo afirma que, com a linha do consignado Crédito do Trabalhador, profissionais do setor privado poderão usar a Carteira de Trabalho Digital para ter acesso a empréstimos mais baratos com garantia do FGTS. A medida mira públicos como o dos empregados domésticos e trabalhadores rurais com carteira assinada, além de MEIs.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que a medida vai ajudar a dinamizar o crédito no País. “Em uma construção que fizemos no início do governo Lula 1, quando os trabalhadores estavam muito endividados. Trouxemos a ideia do crédito consignado e virou lei. A ideia nasceu junto aos trabalhadores privados, mas pegou junto aos servidores. No setor privado, nem todos os empregadores não quiseram assumir essa tarefa”, disse o ministro.
A MP assinada hoje permitirá que a partir do dia 21 de março, ou seja, segunda-feira, os trabalhadores possam ter acesso à carteira digital. Os bancos poderão ter acesso a partir de 25 de abril.
“Todos os trabalhadores assalariados, registrados, com carteira assinada, poderão ter acesso ao crédito mais barato. Eles também poderão ter crédito mais barato do que pagam atualmente”, disse o ministro.
Rui Costa: ‘Oferta de crédito com juros menores é carrinho mais cheio no supermercado’
Em discurso na cerimônia de assinatura da Medida Provisória (MP) que cria a linha do consignado direcionada aos trabalhadores da iniciativa privada, batizada de Crédito do Trabalhador, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que “o Brasil tem um presidente que cuida das pessoas”.
“Temos um presidente que pode ser chamado de presidente da prosperidade. Tivemos dois anos com PIB acima de 3%, o ano passado com 3,4%, e o presidente, com muito entusiasmo e confiança, volta a afirmar que teremos um PIB também relevante esse ano, para garantir crescimento e prosperidade ao nosso país”, discursou Rui Costa.
O ministro da Casa Civil também ressaltou o papel do governo federal para ampliar o acesso ao crédito a estados, municípios, trabalhadores e empresários – mencionou a expansão do setor automobilístico e os anúncios de investimentos da Stellantis e da Gerdau em eventos realizados ontem (11) em Minas Gerais, com a presença do governo federal – e disse que Lula também pode ser chamado de “presidente do aumento da renda e do emprego”.
Em relação ao Crédito do Trabalhador, Costa disse que a oferta de crédito com juros menores resultará em “carrinho mais cheio no supermercado”.
“Lula é o presidente que está enxergando hoje a empregada doméstica, o porteiro, o gari, o garçom. Tantas profissões que são invisíveis para o mundo do crédito barato ou mais acessível.”
“Essas pessoas acessavam o crédito, no agiota ou nas financeiras, pagando juros abusivos.”
Costa disse que o governo espera que, agora, com mais acesso a crédito, os trabalhadores poderão comprar mais comida no supermercado e deixar menos dinheiro em financeiras e agiotas.
“Quando esses trabalhadores que, em geral, têm remuneração menor, pagam juros maiores, significa que eles estão levando menos comida para dentro de casa, que no carrinho de supermercado ou da feira, estão tendo que tirar produto quando chegam no caixa.”
Haddad diz que as taxas dos empréstimos poderão cair mais de 50% com garantia do FGTS
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em discurso na cerimônia de assinatura da Medida Provisória (MP) que cria a linha do consignado direcionada aos trabalhadores da iniciativa privada, batizada de Crédito do Trabalhador, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira, destacou as ações do governo federal na educação, na isenção de impostos da cesta básica na Reforma Tributária e no acesso ao crédito.
“Existem 3 coisas estruturais para uma economia funcionar. A primeira é o acesso à educação. (…) Sem educação não há desenvolvimento”, discursou o ministro da Fazenda.
“O segundo pilar é entregar um sistema tributário digno. Figuramos entre os piores sistemas tributários do mundo. Com o sistema que entrará em vigor em 2027, por decisão e após muito esforço do Congresso Nacional, estaremos entre os melhores sistemas tributários do mundo porque o senhor [presidente Lula] tomou a decisão de isentar de impostos, inclusive estaduais, 100% da cesta básica, incluindo carne, leite e ovos. E fazendo apelo para que essa decisão, que já foi tomada pela União, seja antecipada pelos governadores hoje para combater a carestia que hoje se vê no mercado.”
Haddad disse que, “além disso, o senhor [presidente Lula] também encaminhará, esse ano ainda, uma reforma que é mais simples que a do imposto sobre o consumo, que é a do imposto sobre renda.”
“Muitos brasileiros ricos não pagam imposto de renda, enquanto todos os empregados desse país têm o seu imposto abatido na folha de pagamento. Não podem decidir ou não pagar imposto de renda, têm o valor do imposto deduzido na folha.”
O ministro disse que o terceiro item estrutural é o crédito. “Sem crédito não se democratiza oportunidades”.
Segundo o ministro, o governo aumentou o acesso ao crédito barato com o Desenrola e com o marco de garantias, por exemplo.
Segundo Haddad, “associar emprego à educação e crédito mudará a história de um país e a MP do Crédito do Trabalhador deverá ser a medida mais revolucionária no acesso ao crédito barato.”
“São 47 milhões de pessoas que hoje estão pagando mais 5% ao mês em juros, no crédito pessoal. Às vezes, em uma emergência, para trocar um fogão que quebrou, uma geladeira. Pagando 5% ao mês! Quando, com essa garantia que poderá ser oferecida [do FGTS], essas taxas podem cair 50% ou mais.”
No entanto, o ministro da Fazenda também pediu cautela com o programa porque ele “será desenvolvido ao longo das semanas e meses próximos”, “é muito sofisticado” e tem menor garantia.
“As pessoas podem mudar de emprego. A empresa pode quebrar, entrar em recuperação judicial. Não é uma situação equivalente à do servidor público ou do aposentado do INSS, em que há a garantia do pagamento. Aqui não, a garantia é um pouco menor.”
Haddad acredita que os bancos saberão avaliar os riscos ao conceder os empréstimos, como a estabilidade do emprego do trabalhador, dos setores e das empresas.
“Inicia-se a partir de agora uma curva de aprendizagem. Nós vamos aprender a lidar com uma coisa nova. Mas quando nós domesticarmos esse bicho novo que está nascendo, eu tenho certeza que nós vamos olhar para trás, em muito pouco tempo e falar, que dia especial o dia do crédito do trabalhador, que dia importante esse dia em que o trabalhador na ativa pôde ter o mesmo direito que o servidor público e que o trabalhador aposentado. Parabéns às centrais sindicais, grande vitória do trabalhador brasileiro.”
Presidente da Caixa diz que acesso ao crédito consignado privado fará o PIB do Brasil crescer
Em discurso na cerimônia de assinatura da Medida Provisória (MP) que cria a linha do consignado direcionada aos trabalhadores da iniciativa privada, batizada de Crédito do Trabalhador, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, destacou a unidade do sistema bancário brasileiro, representada pela presença do presidente da Febraban, dos bancos públicos e trabalhadores no evento.
“Esse movimento permite hoje que empregadas domésticas tenham acesso ao mercado de crédito. É um movimento inclusivo. O mercado de crédito tem muito a crescer, e com o crédito consignado privado, faremos com que o PIB do Brasil cresça”, discursou.
Presidente do Banco do Brasil diz que linha de Crédito do Trabalhador trará retorno e inclusão
A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, também comemorou a possibilidade de acesso das empregadas domésticas ao crédito consignado e a outras categorias. A executiva estima que a linha de crédito estará acessível a 47 milhões de trabalhadores.
“Antes que o mercado me pergunte, é uma linha de crédito saudável e que trará retorno. Mas é uma linha que trará a inclusão de milhões de brasileiros que não tinham acesso ao crédito”, declarou. “Eu aproveito para falar para que eles escolham o Banco do Brasil.”
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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