De uns anos para cá, o comportamento do clima no Brasil tem mudado drasticamente. Secas mais persistentes, chuvas torrenciais, temperaturas extremamente elevadas, além de frios intensos e geadas em regiões onde há décadas não se registravam eventos semelhantes.
Essas variações do clima refletem um novo padrão climático global, conhecido como mudança climática. Independentemente das discussões sobre suas causas — sejam atividades humanas ou ciclos naturais —, o mais importante neste momento é compreender os impactos diretos que esse novo cenário poderá trazer para as próximas safras agrícolas.
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Extremos climáticos mais intensos
O que se tem observado nos últimos anos é a intensificação dos efeitos dos fenômenos El Niño e La Niña. Durante episódios de La Niña, a região Sul da América do Sul tem sofrido com estiagens severas, enquanto áreas produtoras do Sudeste, Centro-Oeste e MATOPIBA são beneficiadas com chuvas mais regulares e volumosas.
Já sob influência do El Niño, o padrão do clima se inverte: a região Sul recebe chuvas constantes, muitas vezes acima da média, e o restante do país enfrenta secas acentuadas. Pode até parecer que esse comportamento sempre foi a regra, mas não é bem assim.
Em anos anteriores, já foram registradas safras de sucesso na região Sul mesmo sob La Niña, assim como produtividades recordes no Centro-Oeste durante El Niño. No entanto, desde o início da década de 2010, a realidade começou a mudar. Os efeitos desses fenômenos passaram a ser mais intensos — não necessariamente na sua força climática, mas nos impactos gerados sobre o campo.
Exemplos recentes dessa mudança
Na safra mais recente, por exemplo, o Rio Grande do Sul e outras áreas do Sul do Brasil enfrentaram estiagens severas durante o primeiro episódio de La Niña, algo inédito desde o início das séries históricas de 1950 — ou seja, em 75 anos. Ao mesmo tempo, o Sul também sofreu com enchentes significativas entre 2023 e 2024, enquanto a região central e norte do país encarou déficits hídricos históricos.
Outro ponto alarmante do clima: as temperaturas recordes registradas em diversas regiões do país. Tudo isso afeta diretamente o planejamento e a condução das lavouras, tanto no presente quanto no futuro.
Nova Era de Planejamento Agrícola
Com os efeitos de El Niño e La Niña sendo potencializados, o planejamento das próximas safras exigirá mais atenção e preparo. O setor agrícola entra em uma nova era de aprendizagem, onde decisões precisarão ser mais criteriosas, com processos agronômicos voltados para mitigar os impactos climáticos extremos, como secas prolongadas, inundações, temperaturas extremas e geadas mais abrangentes — como a registrada no inverno de 2022, que causou perdas no algodão em pleno Mato Grosso.
E a próxima safra?
Neste momento, o Brasil está finalizando a 2ª safra, enquanto os Estados Unidos iniciam sua nova temporada. O planejamento da safra 2025/26 já começa a tomar forma, e os modelos climáticos para El Niño e La Niña indicam uma tendência de manutenção das águas mais frias no Oceano Pacífico, pelo menos até a primavera de 2025.
Esse padrão deverá favorecer chuvas mais regulares ao longo do outono e inverno, o que é positivo para as lavouras da 2ª safra. Por outro lado, também aumenta o risco de geadas, já que anos com águas frias favorecem o avanço de massas de ar polar pelo território brasileiro.
Situação nos Estados Unidos
Nos EUA, a previsão aponta para uma primavera com chuvas regulares, que em alguns momentos podem ser excessivas — o que pode atrapalhar o andamento do plantio de milho e soja. Apesar disso, não há indicativos de perdas produtivas neste início de safra.
Com um clima mais próximo da neutralidade, mas com viés de anomalia negativa, o verão americano — especialmente no Meio-Oeste, principal região produtora de grãos — poderá ter momentos de estiagens e temperaturas elevadas. No entanto, ainda é cedo para prever impactos diretos na produtividade.
E o que esperar da safra 2025/26 no Brasil?
Olhando para a próxima temporada no Brasil, o que se pode antecipar é que, neste cenário, as chuvas deverão chegar mais cedo nas regiões centrais e norte do país. Assim que os vazios sanitários da soja forem encerrados, muitos produtores já deverão encontrar condições favoráveis para iniciar o plantio.
Para culturas perenes como café, cana-de-açúcar e citros, a expectativa é de um outono/inverno mais úmido e com temperaturas amenas, o que favorecerá o desenvolvimento das plantas. No caso do café e dos citros, isso pode resultar em floradas mais precoces.
Próximos passos
O restante da safra 2025/26 dependerá da evolução dos modelos climáticos nas próximas rodadas de previsão. As principais tendências para o verão de 2026 só deverão ser conhecidas com maior clareza entre junho e julho, quando os principais centros de meteorologia trarão projeções mais consolidadas.
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