Junho de extrema volatilidade no mercado internacional de café

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     Porto Alegre, 01 de julho de 2022 – A “montanha-russa” nos preços internacionais do café seguiu sendo marcante em junho. O contrato setembro na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o arábica, que baliza a comercialização, teve máxima no mês de junho de 241,75 centavos de dólar por libra-peso no dia 02 e mínima de 217,10 centavos no dia 28. Mas, no final das contas, o mês terminou com as cotações em NY próximas do que era visto no término de maio.

     A volatilidade no mercado financeiro internacional, com o medo da recessão e redução no consumo das commodities, pressionou para baixo as cotações do café. A entrada da safra brasileira é aspecto baixista. A estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de um superávit na oferta global frente à demanda na temporada 2022/23 de quase 8 milhões de sacas foi outro fator negativo para as cotações mais para o final de junho.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, essas projeções do USDA pesaram contra os preços do café no referencial externo. Assim, a bebida chegou a perder o importante patamar de 220 cents em NY. “A intensidade da baixa e a preocupação com os estoques certificados muito baixos serviram de gatilho para uma nova recuperação na curva de preços”, ponderou. os estoques certificados de café na ICE Futures US estão nos níveis mais baixos em mais de duas décadas, mostrando um aperto na oferta no curto prazo que vem trazendo sustentação às cotações.

     O ganho em outras commodities colaborou para uma recuperação no final de junho, com o contrato setembro fechando o mês ligeiramente acima de 230 centavos. Para Barabach, o mercado deve seguir volátil, ainda muito vulnerável às mudanças de humor no mercado financeiro internacional. “No lado fundamental, busca equilíbrio entre um curto prazo de pouca disponibilidade e projeção futura de maior folga na oferta. No radar, o andamento da colheita da safra brasileira 2022 e o inverno brasileiro”, comenta.

     No balanço mensal na Bolsa de NY, o arábica para setembro no comparativo do final de maio com o final de junho teve baixa de 0,6%, tendo fechado maio em 231,45 centavos de dólar por libra-peso e junho em 230,10 centavos. O trimestre terminou com o contrato acumulando alta de 1,95% e o semestre alta de 2,5%.

     No mercado físico brasileiro de café, as cotações do arábica foram sustentadas pela subida do dólar, que acumulou alta em junho de 10% no comercial. No balanço de junho, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, subiu de R$ 1.270,00 para R$ 1.335,00 a saca na base de compra, alta de 5,1%. Mas o mercado andou com negociações lentas na maior parte do tempo, seja com o vendedor cauteloso, dosando a oferta, seja com o comprador também na defensiva esperando por quedas nas cotações com a evolução da colheita.

     Já o conilon foi mais pressionado pela entrada da safra, com maior volume deste tipo de café colhido, e porque o robusta em Londres caiu mais em junho (-3,6% no contrato setembro). No balanço mensal, o conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, caiu 1,4% em junho, baixando de R$ 710,00 para R$ 700,00 a saca.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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