Porto Alegre, 4 de março de 2022 – O mercado brasileiro de trigo teve um mês de fevereiro bastante relevante, ainda que tenha começado com tendência de pouca atividade por parte dos agentes. Até o final do mês, a tendência acabou por se confirmar. A movimentação pontual levou em conta fatores técnicos e, claro, a guerra entre Rússia e Ucrânia.
No início do mês, os produtores estavam focados na safra de verão. Os moinhos embarcavam apenas lotes já comprados e aproveitavam oportunidades pontuais de negócios. Eram poucos os produtores que precisavam abrir espaços nos armazéns, especialmente por causa da frustração da safra de verão. Sem necessidade de venda imediata, apostavam em preços mais atrativos na entressafra. A aposta parece ter sido certeira.
Importante destacar que a volatilidade do dólar, que caiu em fevereiro, barateou a importação, o que chegou a exercer alguma pressão sobre as cotações. Mas a volatilidade dos preços internacionais reduziu o ritmo de negócios.
A partir de 11 de fevereiro, o mercado internacional começou a repercutir a possibilidade de invasão da Rússia na Ucrânia. O início da operação militar, em 24 de fevereiro, deflagrou uma disparada dos preços internacionais que, em Chicago, se aproximam do maior patamar na história.
Com as altas internacionais refletindo nos preços da Argentina, o mercado brasileiro também repercutiu a elevação.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, a interrupção do comércio na principal região fornecedora de trigo do mundo, gerado pela guerra, tende a deslocar a demanda para outras regiões. “Estando geograficamente distante do conflito, com uma safra recorde e preços competitivos, a argentina tende a ser uma das fontes procuradas como alternativa”, explicou.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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