Exportações mundiais de café recuam mostrando aperto na oferta no curto prazo

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     Porto Alegre, 07 de outubro de 2022 – O mercado internacional de café vem sendo sustentado em seus preços pela percepção de aperto na oferta no curto prazo. A safra menor que o esperado no Brasil em 2022, devido aos problemas climáticos enfrentados em 2021 (seca e geadas), e em outros países também dificuldades produtivas, como a Colômbia, justificam esse cenário.

     Dados da Organização Internacional do Café (OIC) refletiram esses indícios e indicaram que as exportações de café em grão dos países membros e não-membros da Organização totalizaram 8,83 milhões de sacas de 60 quilos em agosto, décimo-primeiro mês da safra mundial 2021/22, contra 9,17 milhões de sacas registradas no mesmo mês de 2021, queda de 3,7%.

    Já as exportações acumuladas da safra 2021/22, entre outubro e agosto, somam 118,864 milhões de sacas, queda de 0,3% em relação aos onze primeiros meses da temporada 2020/21, quando foram embarcadas 119,249 milhões de sacas.

     O indicador de preços composto da OIC recuou 0,2% em setembro, para uma média de 199,63 centavos de dólar por libra-peso, na comparação com agosto (200,11 centavos). Em seu relatório mensal de acompanhamento do mercado, a OIC destacou que todos os grupos de café caíram em setembro, com exceção do robusta.

    Segundo a OIC, os estoques certificados de café arábica da Bolsa de Nova York (ICE Futures US) caíram 37,2% em setembro na comparação com agosto, fechando o mês a 450 mil sacas de 60 quilos.

    Por outro lado, nos fundamentos, o mercado é pressionado para baixo pelas perspectivas mais otimistas em relação à produção brasileira de 2023. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado vem falando na próxima safra brasileira já faz um tempo. “Porém, efetivamente, o novo ciclo produtivo tem início com as floradas. Tivemos alguns registros precoces em agosto, mas as floradas da última semana é que realmente servem como uma melhor referência inicial para a próxima produção. E as floradas foram vistosas, o que tem animado o produtor para a próxima safra. As chuvas das últimas semanas ajudam no pegamento”, comenta.

     O consultor ressalta que a indicação dos modelos climáticos de um último trimestre de 2022 com umidade dentro da normalidade reforçam o sentimento positivo. Assim, o primeiro sinal produtivo para 2023 é bom e reforça a expectativa do mercado, que já trabalhava com um cenário de melhora no abastecimento futuro. “Prova disto, é a inclinação negativa da curva de preço futura de café na bolsa de Nova York, com preço do café para a posição mais distante mais baixo que nas posições mais curtas. Interessante notar como o mercado vem calibrando os sinais destoantes de curto e longo prazo”, observa.

     O ajuste entre as posições mais próximas e mais distantes na bolsa é feito via estreitamento e alargamento do spread entre a posição dezembro/2022 (spot) e setembro/2023 (safra nova). “Em momentos de alta no mercado há uma tendência de que a diferença negativa entre os contratos fique maior, diminuindo nos períodos de acomodação. A referência é uma diferença negativa de -20 centavos”, aponta.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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