Exportações mundiais de café em queda reforçam ideia de aperto na oferta no curto prazo

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     Porto Alegre, 05 de maio de 2023 – Os preços do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização globalmente, se acomodaram na semana, se aproximando da linha de US$ 1,80 a libra-peso. O mercado sente a pressão sazonal da chegada da safra brasileira, em que pese a colheita ainda estar no começo e deva deslanchar no arábica em maio. E esteve contaminado pela agitação financeira causada pela expectativa em torno da decisão do Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) sobre a nova taxa de juros do país. Isso trouxe muita volatilidade, como destaca o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach.

Segundo ele, o café continua vulnerável ao financeiro, mas buscando sustentar o patamar acima de 180 cents, enquanto espera um maior avanço da safra brasileira 2023. “A queda no dólar serve de contraponto às investidas de baixa. É bom frisar também que muitos produtores de arábica do Brasil só devem iniciar a colheita na 2ª quinzena de maio, o que ajuda a segurar o ímpeto negativo sobre a curva de preços”, observa.

Em meio a isso, o café robusta continua retomando valor frente ao arábica, com arbitragem entre NY/Londres para a posição julho/23 caindo para algo em torno de +74 cents, comenta o consultor. Já esteve acima de 150 cents no início de 2022. “A expectativa de melhora na oferta de arábica, com a confirmação de uma safra maior no Brasil, associado à oferta curta no Vietnã, explicam esse comportamento relativo entre esses diferentes cafés”, avalia.

Na semana, a Organização Internacional do Café (OIC) divulgou os números das exportações mundiais em março, com os embarques de café em grão (verde) dos países membros e não-membros da (OIC) totalizando 12,02 milhões de sacas de 60 quilos em março, sexto mês da safra mundial 2022/23 (que vai de outubro de 2022 a setembro de 2023. Isso representa uma queda de 9,3% em relação ao mesmo mês de 2022 (13,25 milhões de sacas registradas).

    Já as exportações acumuladas da safra 2022/23, entre outubro e março, somam 62,30 milhões de sacas, queda de 6,4% em relação aos seis primeiros meses da temporada 2021/22, quando foram embarcadas 66,53 milhões de sacas. Os embarques de café arábica totalizaram 75,54 milhões de sacas nos 12 meses até março, ante 80,76 milhões de sacas no período correspondente de 2021/22. Já as exportações de café robusta atingiram 48,72 milhões de sacas nos 12 meses até março, ante 48,94 milhões.

“Os números da OIC reforçam a ideia de aperto na atual temporada”, comenta Barabach. Isso é fator de suporte às cotações ao menos no curto prazo no mercado internacional, antes de se sentir uma maior pressão de uma boa safra brasileira.

Vale lembrar que a OIC em seu relatório mensal de acompanhamento do mercado de maio manteve os números de oferta e demanda de abril. Ela indica que o mercado global de café deve ter déficit entre a oferta e a demanda na ordem de 7,266 milhões de sacas em 2022/23, após um déficit de 7,120 milhões de sacas observado em 2021/22. Isso porque a produção global de café no ano-safra 2022/23 (outubro-setembro) deve totalizar 171,268 milhões de sacas de 60 quilos, ganho de 1,7% na comparação com 2021/22 (168,485 milhões de sacas). E o consumo deve atingir 178,534 milhões de sacas, com alta anual de 1,7% (175,605 milhões de sacas em 2021/22).

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      Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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