Recentemente, uma lacuna de oferta no mercado chinês causada pela Peste Suína Africana ofereceu uma oportunidade ímpar ao mercado brasileiro com a exportação de carne para a China.
Em meio à calamidade da sanidade animal, a China se viu obrigada a importar volumes expressivos de proteína animal. O Brasil, por sua vez, soube capitalizar como ninguém essa situação e ocupou importante parcela do volume demandado.
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Essa situação é conjuntural e é exatamente o primeiro desafio do mercado de carnes brasileiro.
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Em algum momento, a China conseguirá preencher a lacuna de oferta e passará a depender menos das importações para manter o padrão de consumo de carnes da sua população.
Muitos alegam que a economia chinesa não para de crescer e que o gigante asiático sempre demandará volumes maiores de alimentos. Esta é uma verdade, no entanto, não se aplica de maneira tão retilínea quando se refere ao mercado de carnes. Após a recomposição do plantel de suínos, a tendência é que a China passe a atuar de maneira mais discreta no setor, possivelmente sem repetir o alucinado ritmo de compras dos anos de 2019, 2020 e 2021.
Para a carne bovina e para a carne suína, o Brasil é altamente dependente das exportações destinadas à China.
Alto volume de exportação de carne para a China
Para se ter uma ideia, cerca de 65% das exportações de carne para China que saem do Brasil, direta ou indiretamente, são de carne suína. Já para a carne bovina, cerca de 60% dos embarques brasileiros têm como destino aquele país.
Ou seja, há a necessidade de buscarmos novos mercados compradores para compensar um provável menor ritmo de importação por parte da China.
Logicamente, não há no planeta um mercado que se equipare à China em termos de potencial de consumo de proteína animal. Os Estados Unidos também possuem bom perfil de consumo, mas importam pouco do Brasil por possuírem capacidade produtiva própria que atende boa parte de suas necessidades domésticas por carnes.
A solução mais coerente para um futuro momento de redução do ritmo de embarques para a China passa por uma reordenação do planejamento produtivo, com adequação da oferta ao novo potencial de consumo de carnes internacional.
O cenário da suinocultura em relação à exportação de carne
A suinocultura brasileira já enfrentou crises devastadoras quando Rússia e, posteriormente, Ucrânia fecharam seus mercados para as nossas exportações. Porém, agora, a expectativa é que a reação setorial seja muito diferente.
A preparação para uma mudança da conjuntura global nem sempre é fácil para atividades de ciclo longo, entretanto o planejamento precisa ser feito da maneira mais coerente possível, para manter o resultado operacional satisfatório.
Os grandes frigoríficos brasileiros enxergam com muita clareza esse ambiente e têm a capacidade para suportar mudanças de rumo. O problema é saber se produtores independentes e pecuaristas conseguirão lidar com esta readequação sem sofrer consequências mais graves.
O cenário da avicultura frente à exportação de carne no mundo
Para a avicultura de corte, a dependência do mercado chinês é menor, pois as exportações brasileiras são pulverizadas para vários países. Basicamente, a carne de frango brasileira tem como destino mais de 100 países. A grande missão da avicultura, do ponto de vista de abertura de mercado, é trabalhar para reverter o recente embargo saudita.
O mercado Halal é de extrema importância para nossa avicultura, fazendo com que o Brasil alcance mercados que concorrentes ainda não estão presentes. Essa relação comercial perdura há quase 20 anos e o Brasil mantém liderança em número de habilitações e em volume exportado, com mais de um milhão de toneladas anuais. É um mercado que conta com mais de 1,5 bilhão de consumidores, sendo estratégico para o setor.
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