Em ritmo lento com fim de ano, mercado de trigo estuda projeções de oferta e demanda

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Porto Alegre, 16 de dezembro de 2022 – O mercado brasileiro de trigo teve uma semana de poucos negócios, com os moinhos já em ritmo de fim de ano. A partir da semana que vem, boa parte da indústria deve entrar em férias coletivas.

A colheita do trigo está praticamente finalizada no Brasil. Na terça-feira, a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) indicou os trabalhos em 98,5%. No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural do estado (Deral/PR) declarou concluída a ceifa. Ontem (15), a Emater/RS disse que a colheita atinge 99% da área no Rio Grande do Sul.

A estimativa é de uma safra recorde. SAFRAS & Mercado projeta 11,385 milhões de toneladas. As importações devem ficar em torno de 6 milhões de toneladas. Tradicionalmente, a Argentina responde por 80% desse volume, mas neste ano o país vizinho enfrentou severos problemas climáticos que provocaram a quebra da safra quase pela metade. A expectativa inicial superava as 20 milhões de toneladas, mas atualmente, SAFRAS & Mercado projeta 11,688 milhões de toneladas.

Nesta semana, a Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) cortou sua projeção de 11,8 para 11,5 milhões de toneladas. A entidade prevê as exportações argentinas em 6,5 milhões de toneladas na temporada. Com boa parte da safra já comprometida, há a possibilidade de que todo o excedente exportável se esgote entre fevereiro e abril.

O Brasil normalmente importa 500 mil toneladas por mês, até setembro. Desta forma, a indústria brasileira terá que buscar mais trigo de outras origens, principalmente fora do Mercosul, como Estados Unidos, Canadá e Rússia. Ainda assim, a situação é confortável aos moinhos nacionais, uma vez que estão bem abastecidos graças à comercialização antecipada de boa parte da safra.

Mercado internacional

Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), referência na formação de preços globais, o contrato mais negociado vai fechando a primeira semana positiva após cinco baixas semanas consecutivas. A sequência de quedas vinha sendo determinada, principalmente, pela pressão sazonal de oferta do Mar Negro, especialmente após a renovação do acordo para o corredor de grãos por mais quatro meses. Nos últimos dias, no entanto, ataques russos à infraestrutura energética da Ucrânia renovaram os temores de interrupções no fornecimento de trigo da região para o mundo.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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