Porto Alegre, 29 de janeiro de 2021 – Os preços do café no balanço de janeiro até este dia 28, quinta-feira, caíram nas bolsas de futuros, de Nova York no arábica e de Londres no robusta. Mas, no Brasil as cotações avançaram no mesmo comparativo. A alta do dólar e a postura retraída dos produtores sustentaram os valores no Brasil, em meio à entressafra.
Na Bolsa de Nova York, o arábica voltou a apresentar muita volatilidade. Na máxima de janeiro, o contrato março atingiu 128,15 centavos de dólar por libra-peso no dia 15. Seguia outras commodities, como o petróleo e o otimismo com vacinas, além de mostrar preocupação com a safra de 2021 do Brasil, menor pelo ciclo bienal da cultura e por problemas climáticos. Porém, depois foi recuando bastante na segunda metade de janeiro.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado internacional de café chega ao final do mês em momento de acomodação. “O arábica nova-iorquino acabou fraquejando diante de fortes resistências, o que não só tirou força do movimento de alta como também fez a bebida flertar com suportes recentes”, avaliou. A posição Março/21 só foi encontrar fundo ao trocar de mãos a 122,15 cents na ICE US. Depois do tombo, buscou recompor, gradativamente, os recentes ganhos. “O mês de janeiro deve se caracterizar por uma acomodação dos preços internacionais da bebida, em meio à volatilidade financeira”, indicou.
Barabach observa que a pandemia ainda dita o ritmo dos mercados nesse começo de 2021. “O avanço da 2ª onda da Covid-19 se contrapõe ao andamento da imunização e isso colabora com a instabilidade. A visão geral é que a pandemia seguirá com seus efeitos negativos, tanto sociais como econômicos, por mais algum tempo. E isso leva os investidores a buscarem proteção, o que faz o dólar ganhar valor e as commodities serem pressionadas”, indica.
No balanço de janeiro, o contrato março acumula baixa de 1,1%, tendo fechado dezembro em 125,40 centavos e esta última quinta-feira (28) em 124,00 centavos. Em Londres, o contrato março caiu mais no mesmo comparativo (-6%).
Já no mercado físico brasileiro de café, as cotações se sustentaram melhor pela alta do dólar e restrição na oferta. O dólar comercial acumulou alta em janeiro até o dia 28 de 4,8%, subindo de R$ 5,189 para R$ 5,436. As bebidas de melhor qualidade avançaram mais, pela necessidade do comprador. “Apesar dos preços mais altos, a liquidez é baixa, o que leva a distorções de mercado. O fato é que o produtor está mais capitalizado. E, por isso, tem administrado com mais tranquilidade suas novas posições de venda. Assim, a oferta fica mais curta, o que tem forçado o comprador mais necessitado a ser mais agressivo, por vezes, distorcendo a base de preço física para cima”, indica o consultor de SAFRAS. Ele indica que tratam-se de negócios isolados e envolvendo lotes específicos, mas devido à menor liquidez e à retranca do vendedor, isso tem mexido com o referencial de mercado.
Segundo Barabach, sem muita necessidade de caixa, muitos produtores têm preferido aguardar o comprador mais agressivo e necessitado. E essa referência de compra, mesmo sem liquidez, acaba servindo de base de preço para alguns vendedores. “O resultado prático é o aumento da distância entre compra e venda, a menor liquidez dos negócios e a distorções de preços entre regiões e descrições”, observa.
No balanço de janeiro até o dia 28, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, subiu de R$ 590,00 para R$ 670,00 a saca de 60 quilos, representando uma valorização de 13,6%. O conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, no mesmo comparativo, subiu menos, 3,7%, passando de R$ 400,00 para R$ 415,00 a saca.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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