Cotações do arroz chegam ao fim do ano em níveis mais favoráveis ao produtor

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Porto Alegre, 23 de dezembro de 2022 – Com boa parte das indústrias de beneficiamento de arroz encerrando as compras nas últimas semanas, a comercialização do cereal continua bastante travada e deve começar a recuperar seu ritmo na segunda quinzena do mês de janeiro de 2023. “A chegada dos recessos de fim de ano e a redução na demanda interna seguem limitando as negociações”, relata o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Evandro Oliveira.

O recuo da moeda norte-americana frente ao real nos últimos dias tem limitado o avanço de novos negócios para exportação, fator que vinha determinando os recentes movimentos de alta. “Ainda assim, a tendência é de pequenas oscilações até o início dos trabalhos de colheita e condições mais favoráveis aos produtores para a próxima temporada”, adverte.

Na média do Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros e pagamento à vista), a saca de 50 quilos encerrou cotada a R$ 91,34 no dia 21 de dezembro, um avanço de 0,51% em relação a semana passada, 10,67% mais alto frente ao mesmo período do mês anterior e 46,81% superior quando comparado ao mesmo período do ano de 2021.

O plantio da nova safra gaúcha está tecnicamente encerrado e se encaminha para a reta final no restante do país. “Além disso, os trabalhos de colheita da nova safra no Paraguai devem ter início ainda nesta semana, refletindo no avanço das importações brasileiras nas primeiras semanas do mês de janeiro de 2023”, pondera Oliveira. A tendência é de manutenção dos níveis atuais de preço até meados dos meses de março e abril, onde há uma pressão de ingresso de safra. “Comumente, o mercado recua até os níveis de paridade de exportação”, lembra.

“Na primeira semana do ano 2022, o mercado de arroz vinha buscando um equilíbrio entre as tentativas de produtores de segurar o cereal estocado, numa expectativa de que possíveis quebras de safra no Rio Grande do Sul trariam suporte para que os preços avançassem, mesmo durante o período de entrada de safra”, relata Oliveira. Por outro lado, o cenário fundamental mostrava que a safra de arroz, por maior que fosse o risco de secas e possíveis perdas na produtividade, seguia m boas condições, sendo um fator importante de pressão aos preços para o segundo trimestre. “O plantio do arroz no Rio Grande do Sul estava praticamente finalizado na primeira quinzena do mês de janeiro, onde a estiagem no estado deixava cautelosos os produtores em virtude do cultivo irrigado”, salienta o consultor.

Nesse cenário e com estoques em patamares elevados, o Brasil teria condições – e necessidade – de exportar e atender à demanda internacional do arroz em casca em 2022, o que, por sua vez, poderia sustentar os preços nacionais ao longo do ano. “O que de fato veio a acontecer”, completa.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), entre os meses de março e novembro de 2022, as exportações de arroz em casca ultrapassaram 719 mil toneladas. Em relação às vendas externas de arroz beneficiado, atingiram aproximadamente 300 mil toneladas no período, enquanto as importações já ultrapassam a soma de 619 mil toneladas. No total, as exportações de arroz (base casca) totalizaram 1,56 milhão de toneladas no período entre os meses de março e novembro, frente a 880 mil toneladas exportadas no mesmo período da temporada anterior.

Rodrigo Ramos/ Agência SAFRAS

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