Com quebra da safra argentina, Brasil vai precisar comprar trigo de outras origens

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Porto Alegre, 11 de novembro de 2022 – O Brasil deve comprar trigo de países como Estados Unidos, Canadá e Rússia, diante da redução da safra da Argentina, prevê o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Elcio Bento, durante palestra realizada no 4o SAFRAS Agri Week, nesta semana

Segundo estimativa de SAFRAS & Mercado, a área plantada na Argentina deve reduzir em 866 mil hectares, e a produção deve cair 8 milhões de toneladas em relação à estimativa inicial. “Isso está ocorrendo pois muitas lavouras estão ruins pela falta de chuvas no país. Com a situação da Argentina, é possível que a gente veja trigo russo entrando no Brasil no segundo trimestre”, afirma.

Segundo o analista Elcio Bento, as principais novidades para o trigo continuam sendo o que vem do Mar Negro, pois as questões ainda estão indefinidas, e esses fatores trazem volatilidade ao cereal. Porém, Bento acredita que não iremos retomar a patamares do início da guerra, porque agora já sabemos o que ela pode gerar.

Os principais países que tiveram redução na safra foram a India, Argentina e Austrália. Em contraponto, os maiores produtores foram Rússia, União Europeia e o Canadá. No início da guerra, com a Ucrânia fora do mercado de trigo, a Argentina e a India foram as principais alternativas.

No Brasil, houve uma safra recorde, apesar das chuvas no início de setembro e de pelo menos 50% da safra no Paraná ter tido prejuízos de qualidade por conta dessas precipitações. A produção no Brasil é estimada em 10,835 milhões de toneladas.

Conab

A produção brasileira de trigo em 2022 deverá ficar em 9,5 milhões de toneladas, conforme o 2o levantamento para a safra brasileira de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), contra 7,68 milhões de toneladas do ano anterior. Em outubro, a previsão era de 9,36 milhões de toneladas. Com a consolidação dos dados supracitados, a safra deve encerrar com estoque de passagem de 1,333 milhão toneladas.

Em outubro de 2022, as atenções estavam todas voltadas para o clima. As chuvas ininterruptas no Paraná, comprometendo tanto a qualidade como a quantidade do trigo colhido, atuaram como principal fator altista das cotações. Com isso, o trigo gaúcho, que até então não havia sido prejudicado, acabou também sendo beneficiado.

No Paraná, a média mensal do trigo pão PH 78 foi cotado a R$ 95,42 a saca de 60 quilos, apresentando valorização mensal de 2,6%, e no Rio Grande do Sul a R$ 93,81 a saca de 60 quilos, com valorização de 0,6%.

Foram importadas 297,6 mil toneladas de trigo, 20,3% a menos que no mês anterior e 42,5% a menos que no mesmo período do ano passado. A redução observada se deve à expectativa de uma safra recorde nacional, dessa forma, diminuindo a necessidade de importações. Do total importado, 41% é de trigo argentino, 34% dos Estados Unidos, 10,9% da Rússia, 8,7% do Uruguai e 5,6% do Paraguai.

Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS