Porto Alegre, 24 de fevereiro de 2023 – A semana reduzida, em virtude do Carnaval, deixou pouca margem para alteração do cenário fundamental do mercado brasileiro de trigo. Os negócios seguem pontuais, com os agentes se mostrando inflexíveis.
Conforme o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, os moinhos estão bem abastecidos e procuram apenas negócios de ocasião. Já os produtores, a ponta vendedora, estão focados nas safras de verão e descontentes com os atuais patamares de preços oferecidos. Por enquanto, o cenário ainda é baixista, considerando tanto a ampla safra colhida no Brasil em 2022, quanto a queda internacional devido à competitividade do trigo russo.
Preços
No Paraná as indicações no FOB interior ficam entre R$ 1600 e R$ 1.650 a tonelada. O analista destaca a saída (segundo os Line Ups) de 45,64 mil toneladas pelo porto de Paranaguá. Os destinos são o Equador (30,64 mil t) e a Venezuela (15 mil t). “Ao que tudo indica, esses embarques são de trigo de baixa qualidade”, disse.
No Rio Grande do Sul a indicação no FOB fica por volta de R$ 1.400/1410 a tonelada. “Existem reportes, contudo, para trigo de alto padrão para fora do estado a níveis superiores a esses”, pontou. Os line ups apontam para a saída de 814,722 mil toneladas neste mês de fevereiro pelo porto de Rio Grande/RS, dos quais, 77 mil toneladas serão destinadas ao nordeste brasileiro via cabotagem.
Atenção
Estima-se que cerca de 65% da safra gaúcha de 6,01 milhões de toneladas já tenha sido comercializada. A principal destinação é o mercado internacional com um total comprometido de 2,350 mil t (59%). Os moinhos gaúchos compraram em torno de 670 mil t (17%); outros estados brasileiros levaram, por via terrestre, 450 mil t (11%); para sementes serão utilizadas 220 mil t (6%); para o nordeste, via cabotagem, foram 190 mil toneladas; e para ração 80 mil toneladas (2%).
“Esses são números estimados e podem conter uma margem de erro. Interessante notar, contudo, que para atender a moagem da temporada os moinhos gaúchos teriam que comprar cerca de 1,2 milhão de toneladas. Nesse caso o montante disponível para outras destinações seria de apenas 820 mil toneladas. Esses números corroboram a percepção de que a trajetória de queda das cotações no Brasil deve estar no final”, alertou o analista.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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