Porto Alegre, 24 de janeiro de 2025 – O mercado brasileiro de feijão permanece em equilíbrio relativo, com preços estáveis e negociações centradas em modelos que otimizam custos, como embarques casados. A atenção agora se volta para o impacto da entressafra e a evolução da demanda nas próximas semanas, fatores que podem alterar significativamente a dinâmica de preços e a disponibilidade no curto prazo.
Feijão carioca
O mercado do feijão carioca apresentou estabilidade nos preços ao longo da semana, com variações influenciadas pela qualidade dos grãos. Segundo o analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a maior parte da oferta é composta por feijões de qualidade intermediária (notas 8 e 8,5), com preços médios variando de R$ 170,00 a R$ 230,00/saca FOB.
Os grãos de qualidade extra (notas 9 e 9,5) continuam escassos e alcançam valores mais altos, como R$ 270,00/saca para nota 9,5 e R$ 240,00/saca para nota 9, ajustados conforme a dinâmica de oferta e demanda.
Oliveira observa que a demanda está concentrada em feijões comerciais com preços mais acessíveis (R$ 145,00 a R$ 180,00/saca), mas a oferta limitada de produtos sem defeitos tem restringido negociações mais robustas. “Essa condição também reflete no modelo de comercialização predominante, com o mercado se adaptando ao formato de embarques casados para reduzir custos com armazenamento. No entanto, a comercialização direta segue tímida, com apenas parte dos lotes sendo negociada”, analisou.
Feijão preto
O mercado de feijão preto segue estável, com preços entre R$ 180,00 e R$ 200,00/saca para feijões comerciais e alcançando R$ 220,00/saca para grãos de qualidade extra. Conforme o analista, assim como no mercado de feijão carioca, as negociações estão concentradas no modelo de embarque, devido à praticidade logística e à redução de custos.
“A baixa movimentação física reflete a seletividade dos compradores, que permanecem cautelosos diante das condições de mercado e das expectativas de novas colheitas”, disse.
No atacado, os preços do feijão preto começaram a recuar ligeiramente em São Paulo, acompanhando a intensificação da colheita nos estados do Sul. O preço do produto extra novo caiu de R$ 240,00 para R$ 236,00/saca, representando uma redução de R$ 4,00/saca.
O analista lembra que janeiro é um mês caracterizado pela colheita de feijão carioca e preto, com uma oferta confortável, especialmente de feijões de qualidade intermediária. “Contudo, as projeções indicam um possível vazio na oferta após a metade de fevereiro, com o início da entressafra. Esse cenário pode pressionar o mercado nas próximas semanas, especialmente se a demanda se intensificar”, explicou.
Clima
As condições climáticas também têm impactado a qualidade dos grãos, restringindo a disponibilidade de feijões de alta qualidade (notas 9 e 10). “Esse fator, aliado à diminuição esperada no volume colhido, reforça a importância de acompanhar a evolução da colheita e os indicadores de demanda para ajustar estratégias comerciais”, aconselhou.
Gabriel Nascimento – gabriel.antunes@safras.com.br (Safras News)
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